Uma nova força-tarefa para o combate à monilíase, praga fúngica que afeta severamente o cupuaçuzeiro e o cacaueiro, está sendo realizada na região do Vale do Juruá. A ação, que segue até terça-feira, 27, é coordenada pelo governo do Acre, por meio do Instituto de Defesa Agropecuária (Idaf), em parceria com o Instituto de Meio Ambiente do Acre (Imac) e a Polícia Ambiental.

Primeira área do país a registrar focos da doença em 2021, o Juruá continua figurando como principal local das ocorrências. Por esse motivo, a operação está sendo concentrada nos municípios de Mâncio Lima, Rodrigues Alves e Cruzeiro do Sul.

Entre as atividades previstas estão podas sanitárias, ações de prospecção da praga, instalação de barreiras móveis, atividades educativas voltadas à população rural e blitzes, além de ações para conscientizar a população sobre os riscos da monilíase e a importância da colaboração no combate à doença.

Segundo a chefe de Divisão de Defesa Sanitária Vegetal do Idaf, engenheira agrônoma Gabriela Tamwing, o período foi estrategicamente escolhido por coincidir com o fim da frutificação do cupuaçuzeiro. “Estamos realizando, neste período, a terceira força-tarefa, fase que facilita a identificação dos focos da monilíase, mas também é considerada crítica para sua disseminação. Por isso, as equipes estão intensificando o monitoramento das plantações e adotando medidas emergenciais para conter o avanço do fungo”, explica.

Desde a primeira força-tarefa, realizada em 2023, o Idaf tem adotado uma abordagem rigorosa, com foco na erradicação da praga, que ameaça a produção local. Os esforços têm sido direcionados para visitar propriedades que ainda não foram vistoriadas, com prioridade para as localizadas em áreas periféricas e próximas aos focos conhecidos da doença. No entanto, desafios persistem, especialmente nas localidades onde a poda fitossanitária não pode ser realizada devido à falta de autorização dos proprietários.

A fiscal ambiental do Imac, Celiana Barbosa, reforçou a importância da poda das árvores afetadas, destacando que a falta de colaboração por parte de alguns proprietários tem dificultado a execução plena das medidas. “O Imac tem unido forças ao Idaf para combater a doença. No entanto, temos encontrado resistência por parte de alguns proprietários, que se recusam a autorizar a poda sanitária das árvores. Quando isso acontece, facilita a disseminação da doença, o que configura crime ambiental, conforme o artigo 61 da Lei de Crimes Ambientais (Lei nº 9.605, de 1998), que prevê multa inicial no valor de R$ 5 mil para esse tipo de infração”, explica.

Apesar da falta de colaboração de alguns produtores, o Idaf tem conseguido promover ações positivas em toda a região. Como resultado, mais de 11 mil árvores foram podadas, 236 propriedades teve focos suprimidos e mais de 70 mil frutos foram descartados. Ao todo, 3,6 mil propriedades foram vistoriadas desde o início das ações.

“Pedimos a colaboração de todos os produtores, para que o Idaf possa realizar a poda sanitária nas propriedades afetadas pela monilíase, pois é por meio dessa ação que se eliminam galhos, ramos e frutos infectados, que funcionam como reservatórios do fungo. Ao remover essas partes doentes, reduz-se significativamente a fonte de esporos que poderiam contaminar outras plantas”, ressalta o coordenador estadual de prevenção, controle e erradicação da monilíase, Ramiro Albuquerque.

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