Uma comitiva de representantes diplomáticos do Vietnã, Camboja, Indonésia, Timor-Leste, Tailândia, Malásia e Singapura, países membros da Associação das Nações do Sudeste Asiático (ASEAN) — está em visita oficial à cidade de Belém. O objetivo é estreitar as relações bilaterais e explorar oportunidades, por meio de Termo de Cooperação Técnica, nas áreas de desenvolvimento sustentável, economia verde, turismo e intercâmbio comercial.
A delegação do bloco asiático foi recebida pelo secretário de Desenvolvimento Econômico, Mineração e Energia do Pará (Sedeme), Paulo Bengtson, que esteve acompanhado do embaixador, Unaldo Vieira de Souza, coordenador de Relações Internacionais do Pará em Brasília (DF).
Também, recepcionaram a comitiva asiática o presidente do Conselho Temático de Infraestrutura (Coinfra/Fiepa) e do Centro das Indústrias do Pará (CIP), José Maria Mendonça; além de representantes de entidades privadas, associações e demais autoridades. A reunião ocorreu, na tarde da última quarta-feira (8), na sede da Federação das Indústrias do Estado do Pará (Fiepa).
A agenda foi conduzida pelo secretário Paulo Bengtson. Ele ressaltou a importância estratégica do Pará no cenário internacional, destacando a relevância do Estado para o desenvolvimento econômico sustentável, a transição energética, a bioeconomia e, especialmente, a preservação da floresta amazônica.
“O Governo do Pará, por meio da Sedeme, tem interesse em estreitar relações comerciais, visando à atração de novos investimentos em diversas áreas. Como Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Mineração e Energia, estamos de portas abertas para a troca de experiências e para a consolidação de parcerias concretas, sempre com foco no desenvolvimento econômico sustentável do nosso estado”, afirmou Bengtson.
Na ocasião, Bengtson apresentou o potencial econômico estadual. O Pará é segundo maior Estado produtor mineral do Brasil, com uma produção de 302,9 milhões de toneladas em 2024. “Os produtos minerais representam 70,5% das exportações do Pará. As principais cadeias produtivas incluem alumínio, cobre, ferro e aço, manganês, níquel, ouro e estanho”, detalhou.
Ele também ressaltou que o Estado conta com 210 empresas incentivadas, distribuídas em mais de 50 municípios, abrangendo as 12 Regiões de Integração (RI), com projeção de geração de 4.765 empregos diretos, US$ 388 milhões em investimentos fixos, US$ 122 milhões em massa salarial e receitas superiores a US$ 19,4 bilhões, conforme dados da Secretaria Operacional de Incentivos Fiscais (Secop).
Ainda sobre o potencial econômico paraense, o secretário explicou que, para garantir a geração de renda de forma ambientalmente sustentável, o Governo do Pará adotou medidas para fortalecer as cadeias produtivas de produtos extrativos da sociobiodiversidade. A política de incentivos fiscais passou a priorizar cadeias de maior relevância econômica e com diversidade de usos industriais. Regiões como o Marajó, por exemplo, ricas em biodiversidade, recebem incentivos específicos visando reduzir desigualdades.
Paulo Bengtson reforçou ainda que o momento atual é estratégico para a construção de parcerias internacionais pautadas na sustentabilidade, inovação e inclusão. “Acreditamos firmemente que a colaboração entre nossas nações pode gerar resultados significativos em diversas áreas econômicas”, afirmou.
Empresários do setor produtivo do Estado participaram do encontro, estabelecendo contato direto com os embaixadores. Na ocasião, ficou acertada a realização de uma nova reunião na capital federal, Brasília (DF), com a participação de comitivas, para negociar produtos e serviços do Pará.
O embaixador, Unaldo Vieira de Souza, destacou que, embora o Itamaraty seja o principal canal de contato, isso não impede a cooperação direta entre os países da ASEAN e o Pará. Ele informou que a Câmara de Desenvolvimento da Amazônia (CASEAN) atua como ponte para viabilizar essas parcerias, especialmente no contexto pós-COP. Ele também reforçou o interesse do governo brasileiro em estreitar relações com a ASEAN, uma das prioridades da política externa atual.
“Estamos abertos a propostas, incluindo missões econômicas. A ASEAN possui uma estrutura bem organizada, com cada país responsável por áreas temáticas específicas, o que facilita a construção de parcerias alinhadas aos interesses e demandas de ambas as partes,” afirmou o embaixador.
Durante sua fala, José Maria Mendonça, enfatizou a importância da cooperação internacional com os países asiáticos: “Temos plena consciência de que o comércio mundial está cada vez mais voltado para a Ásia. É com grande satisfação que vemos essa aproximação. Nós, enquanto, Amazônia Brasil, estamos de braços abertos para receber e negociar em diversas áreas do setor produtivo paraense”.
Mendonça falou ainda sobre a Jornada COP+, iniciativa liderada pela Fiepa que reúne iniciativas voltadas à criação de soluções sustentáveis e inovadoras para apoiar a bioeconomia, reduzir as emissões de carbono e combater o desmatamento ilegal, com foco no desenvolvimento econômico sustentável. E, concluiu: “Faremos muito mais se estivermos juntos.”
Participaram, embaixadores e chefes de posto que integram a delegação do Vietnã no Brasil, Bui Van Nghi; de Timor-Leste no Brasil, Maria Ângela Carrascalão; do Camboja no Brasil, Prak Nguon Hong; da Tailândia no Brasil, Khundhinee Aksornwong e encarregados de negócios: de Singapura no Brasil, Desmond Ng; e da Malásia no Brasil, Muhamad Muhaimin Azmi.
Também, estiveram presentes o presidente do Sindicato das Indústrias da Carne e Derivados (Sindicarne), Daniel Freire; o presidente do Sindicato das Indústrias de Pesca, Aquicultura e Empresas Armadoras e Produtoras (SINPESCA Pará), Apoliano Oliveira do Nascimento; o presidente do Sindicato da Indústria de Panificação e Confeitaria do Pará, Elias Pedrosa; Francisco Victer, presidente do Conselho Temático de Assuntos Legislativos da Fiepa e representante da União Nacional da Indústria e Empresas da Carne (UNIEC); e o diretor de Atração de Investimentos e Negócios da Companhia de Desenvolvimento Econômico do Pará (Codec), Manoel Ibiapina.
Sobre a Asean
A Associação das Nações do Sudeste Asiático (ASEAN) tem se tornado uma parceria cada vez mais importante para o Brasil. Localizados em uma região estratégica, os países membros da ASEAN somam aproximadamente 670 milhões de habitantes e apresentam o crescimento médio de 5,7%, nos últimos 20 anos, o que faz com que o bloco represente a 5ª maior economia do mundo. De acordo com projeções do FMI, os países da ASEAN serão responsáveis por 10% do crescimento global do PIB em 2023.