Anfitrião do Festival de Forró de Riachão do Jacuípe, Del Feliz exalta celebração da cultura e de artistas regionais às vésperas do São João

Quem mora no Nordeste sabe: passado o Carnaval, as expectativas giram em torno de outra grande festa popular, o São João. Neste ano, a data ganhou um ‘esquenta’ de peso, já que será realizado, nos próximos dias 30 (sábado) e 31 (domingo), o II Festival de Forró de Riachão do Jacuípe, evento essencialmente regional e que vem se firmando como fomentador da cultura nordestina na Bahia.

Pelo segundo ano consecutivo, além de nomes de destaque do forró, como o anfitrião Del Feliz e os convidados Dorgival Dantas, Tato (Falamansa) e Mestrinho, o evento irá reunir artistas de diferentes estados, gerações e estilos. “Felizmente, a gente construiu um bom relacionamento com grandes nomes da música brasileira, o que facilita essa montagem”, contou Del sobre a grade. “Tudo isso nasceu da ideia de construir uma notória celebração de nossa cultura fora do contexto junino, que é seu ápice.”

Além da cultura, o embaixador do Forró frisa a importância de valorizar os artistas genuinamente forrozeiros e que se dedicam à propagação desse gênero musical. “No ano passado, nós tivemos 46 forrozeiros e, neste ano, temos mais de 30”, citou, como exemplo. “Todos têm um espaço decente e de alto padrão, para que se apresentem com dignidade e fortaleçam não só nossa cultura mas também seus respectivos trabalhos”, explicou.

Santo de casa faz milagre — Com a chegada do Festival a sua segunda edição em dois anos, Del Feliz avalia que ele, enquanto artista, “vai de encontro à expressão que diz que ‘santo de casa não faz milagre’”. “Pra mim, funciona ao contrário: eu tenho um carinho enorme das pessoas de minha terra, e a relação delas com meu trabalho é muito bonita. Prova disso é que a repercussão do primeiro Festival foi incrível”, afirmou o anfitrião.

Ele, inclusive, espera ter um público superior ao alcançado no ano passado, quando mais de 20 mil pessoas estiveram presentes na praça Landulfo Alves. “A cidade abraçou o evento, e eu estou muito contente e animado para continuar essa bonita história”, contou Del. “Não foi por acaso que a Câmara de Vereadores o incluiu no calendário oficial de eventos do município”, lembrou.

Aliás, mais do que a adesão do público de Riachão do Jacuípe, o palco do Festival tem atraído olhares de diversos artistas: à parte dos já citados Dorgival, Tato e Mestrinho, confirmados neste ano, já seduziu, por exemplo, Elba Ramalho, Trio Nordestino e Mariana Aydar, logo na primeira edição. “Nós já tivemos uma grade muito boa na estreia e, agora, dá pra dizer que a atual está sensacional e até melhor do que a montada por muitos municípios para o São João”, comemorou Del Feliz.

O Festival de Forró de Riachão do Jacuípe é realizado pela Prefeitura Municipal, com produção da Enredo Produções, e tem patrocínio da Cateno e do Governo Federal, por meio do Ministério da Cultura (MinC).

Confira a programação completa do Festival

Sábado — Em ambas as datas, o evento, que marca o protagonismo do município na promoção da cultura nordestina na Bahia, começa às 14h e toma parte da noite. A abertura, no sábado, será com um bate-papo na Creche Municipal: a mesa-redonda ‘Forró: Patrimônio Cultural Imaterial’. No mesmo local, haverá, em seguida, uma oficina de instrumento musical dedicada à sanfona, com os artistas Nonato Lima e Fabinho Salvador, referências no país.

Enquanto isso, na praça Landulfo Alves, terá início a Feira da Agricultura Familiar (Agrifam), com artesanato, gastronomia e cachaças. Para fechar a primeira parte da programação, mais oficinas — desta vez, na quadra local: Literatura Infantil e Poesia, com Zé Livrório; e Dança, com o grupo Forró Cabrueira.

A bordo de sua Kombi com biblioteca itinerante e palco móvel, Zé vai comandar a Oficina de Literatura Infantil e Poesia, à tarde, na quadra de esportes do município. Responsável por dar vida ao personagem, o professor Cristóvão Cerqueira, nascido em Morro do Chapéu, na Chapada Diamantina, é um grande defensor e propagador da cultura nordestina e, por onde vai, busca aproximar as crianças de suas raízes. Para isso, ele promove a valorização de referências regionais com um repertório que passeia pelos principais ritmos da cultura regente dos nove estados do Nordeste. 

A programação musical acontecerá no palco Balbino do Acordeon, a partir das 18h, com Quarteto de Luiz, banda que se inspira nas obras do Rei do Baião e de Dominguinhos. Na sequência, o anfitrião Del Feliz, embaixador do Forró, sobe ao palco e recebe como convidados o grupo de música infantil Pé de Lata e os cantores Piazito (Rio Grande do Sul) e Cristina Amaral (Pernambuco). A programação destinada à criançada ainda inclui a sanfoneira e cantora mirim Alice D’Angelo.

Também se apresentam os artistas Janayna Pereira (ex-Bicho de Pé), Waldonys, Zé Geraldo, Aduílio Mendes e Luiz Fidelis. Logo após, Del Feliz volta ao palco, com novos convidados: Rafael Argolo, Eugênio Cerqueira e Julinha. O primeiro dia é encerrado com a participação da banda Os Bambas do Nordeste, ao lado do cantor Elmo Carneiro.

Domingo — No domingo, o Festival começa sob o embalo da ‘Marinete do Forró’, ônibus que transporta um grupo artístico de mulheres inspirado na Festa de Reis Roubado. A turma sai pelas ruas levando a história de forma lúdica e, de casa em casa, pergunta: ‘São João já passou por aqui?’.

No interior da marinete, vão a noiva e o sanfoneiro, responsável por animar as passageiras. Em alguns pontos ao longo da cidade, elas descem do veículo e fazem apresentações de cantigas de roda e danças tradicionais de São João. A praça Landulfo Alves, por sua vez, sedia a Oficina de Dança, mais uma vez comandada pelo Forró Cabrueira e, agora, ao som da baiana Emili Pinheiro. Lá, também haverá novamente a economia criativa da Agrifam.

O fole vai roncar a partir das 16h, quando Emili sobe ao palco Balbino do Acordeon. Indicada ao prêmio ‘Revelação Feminina’, do Festival Nacional Forró de Itaúnas, no Espírito Santo, ano passado, ela recebe os cantores Kelvin Diniz e Olivan Monteiro. A cantora será sucedida pelo ‘dono da casa’, Del Feliz, com apresentações solo e em conjunto com os convidados Diego Silva e Paulinha Oliveira.

Dorgival Dantas, Tato (Falamansa), Mestrinho e Adelmario Coelho abrilhantam ainda mais a noite, que também terá espaço para as participações de Liv Moraes, filha de Dominguinhos; Nonato Lima; e Jefinho Dias. Del Feliz volta ao palco acompanhado de Izabelly Diniz e Vinícius Marques, antes da última atração, Os Malvadinhos do Forró.

Mais informações estão disponíveis no perfil @festivaldeforroriachao no Instagram.