Desde os anos 70, o subgênero slasher se tornou um dos mais famosos no cinema naquilo que se refere a filmes de terror. Em 1974, tivemos o clássico O Massacre da Serra Elétrica, do diretor Tobe Hooper e um pouco mais tarde, tivemos Halloween, de 1978, do diretor John Carpenter que havia sido convidado para o projeto pelo seu amigo na época, o produtor Irwin Yablans. Carpenter também levou para o projeto seu caso amoroso, Debra Hill, como produtora.
Originalmente, o filme teria o nome de "O Assassino de Babás" e a sua premissa seria exatamente essa, na noite de halloween um assassino sairia por aí matando babás. John Carpenter era muito criativo, e graças a sua parceria com Debra, fizeram o slasher mais influente de todos os tempos.
A obra de Carpenter e Hill serviu de base para uma série de regras que até hoje são retratadas dentro do gênero slasher - o assassino mascarado que anda sempre devagar e calmamente, a faca (ou alguma outra arma branca), as vitimas adolescentes, as cenas de sexo que precedem a morte, a imortalidade do vilão, a final girl, etc. -
Halloween inicia nos levando para o dia das bruxas de 1963, na tranquila cidade de Haddonfield, Illinois e desde a primeira cena, já podemos notar a genialidade na construção do filme, com uma câmera em primeira pessoa de Michael Myers - ainda criança - empunhando uma faca e indo em direção a sua irmã Judith Myers para matá-la. Essa ideia da câmera subjetiva, nos proporciona uma tensão e uma curiosidade para entender quem estamos acompanhando, pois só descobrimos se tratar de Michael Myers, após ele já ter matado sua irmã. Ele então é levado ao sanatório Smith Groove, onde ele é acompanhado pelo psiquiatra Dr. Samuel Loomis e 15 anos depois, no halloween de 1978, Michael consegue escapar do sanatório e vai em direção a Haddonfield, iniciando assim mais uma série de assassinatos.
Michael Myers contribui e muito para o sucesso do filme, desde a sua simplicidade, os pequenos detalhes que o cercam e o caracterizam faz com que ele seja um dos vilões mais icônicos da história do cinema, pois ele é a representação perfeita dos temores mais básicos do imaginário humano. The Shape (como também é conhecido) faz jus ao nome, uma figura sem expressão, onde não conseguimos decifrar qualquer tipo de emoção, apenas o vazio em seu olhar, literalmente, uma forma, com o desejo insaciável e imparável de perseguir e matar suas vitimas sem qualquer tipo de motivação a ser explicada. Convenhamos que uma figura indestrutível, que não emite sons e que está sempre em perseguição e só irá parar quando finalmente matar, é de dar medo a qualquer um!
John Carpenter faz do seu vilão um verdadeiro tormento psicológico, mesmo que ele não apareça a todo tempo em cena. Geralmente utilizando um plano mais escuro, onde justamente a escuridão se torna onipresente no filme, onde ficamos a espera do bicho-papão aparecer.
Halloween é uma obra impecável e junto com seu vilão, também temos a trilha sonora clássica - produzida pelo próprio John Carpenter - que nos acompanha em todos os momentos de tensão. A falta de violência gráfica e sem censura também contribui e muito para a construção do filme, pois essa ausência é substituída pelo nosso imaginário, que faz elevar o terror mostrado (ou não) em cena.
Carpenter e Hill trouxeram um valor imensurável para o cinema, sem essa obra, muito provavelmente não existiriam obras como Sexta-Feira 13, A Hora do Pesadelo e um pouco mais tarde, Pânico (apesar desse mesmo satirizar essas regras clichês que Halloween popularizou no gênero) ou se existissem, poderiam ser muito diferentes.
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