A Comissão de Educação e Cultura (CE) aprovou nesta terça-feira (16) um projeto de lei que inclui o nome da médica negra maranhense Maria Aragão (1910-1991) noLivro dosHeróis e Heroínas da Pátria. De autoria da senadora Eliziane Gama (PSD-MA), a proposta ( PL 761/2022) poderá seguir diretamente para a análise da Câmara dos Deputados, se não houver recurso para votação em Plenário.
A relatora, senadora Jussara Lima (PSD-PI), lembrou que Maria Aragão — nascida em uma família miserável no município de Pindaré-Mirim — superou todas as dificuldades estruturais sociorraciais para ingressar em 1934, aos 24 anos, na Faculdade de Medicina da Universidade do Brasil (RJ). Antes disso, ela já havia conseguido formar-se normalista no Maranhão. Na Faculdade de Medicina, eram apenas 10 mulheres entre centenas de estudantes homens.
Jussara destacou que Maria Aragão passou por outras grandes dores e dificuldades na vida, como a morte da filha, em 1944, quando a menina tinha apenas 2 anos de idade. Na carreira médica, especializou-se em pediatria e ginecologia, e por décadas atendeu moradores das favelas do Rio de Janeiro de graça.
A senadora também destacou a trajetória política de Maria Aragão, que aderiu ao Partido Comunista Brasileiro (PCB) em 1945, após assistir a um comício de Luiz Carlos Prestes no Rio.
— Ela acabou retornando por um período ao Maranhão para organizar o PCB no estado, mas pagou um preço caro por sua orientação política. Foi presa política em cinco ocasiões, e mesmo já idosa, durante o regime militar, foi vítima da abominável prática da tortura — lamentou Jussara.
Na década de 1980, Maria Aragão seguiu Prestes e trocou o PCB pelo PDT. Esse fato também foi destacado pela senadora Leila Barros (PDT-DF).
O enterro da médica em São Luís, em 1991, foi seguido por milhares de pessoas. Em 2004, a capital maranhense inaugurou o Memorial Maria Aragão, projetado por Oscar Niemeyer e composto pela Praça Maria Aragão, um anfiteatro e um prédio, que virouum dos maiores espaços da cidade dedicado ashows e outros eventos culturais.
— Como médica, ela dedicou-se à melhoria das condições de vida das pessoas necessitadas e morreu sem riqueza, sem nem mesmo uma casa própria, mas com a certeza de ter dado o melhor de si para seu país e seu povo — ressaltou Jussara.
Criado em 1992, oLivro dosHeróis e Heroínas da Pátria reúne os nomes de protagonistas da liberdade e da democracia , que dedicaram sua vida ao país em algum momento da história. A inscrição de um novo personagem depende de lei aprovada no Congresso.
Composto por páginas de aço, o livro fica depositado no Panteão da Pátria e da Liberdade Tancredo Neves, na Praça dos Três Poderes, em Brasília.
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