A manteiga é o alimento mais usado pelos brasileiros para passar no pão e também para o preparo de vários pratos. Produzida principalmente a partir da gordura do leite, o produto tem sido alvo de adulteração ao ser misturado a óleos vegetais, corantes e margarina. Além de enganar o consumidor, a manteiga adulterada pode trazer danos à saúde. Por isso, o Instituto Tecnológico e de Pesquisas do Estado de Sergipe (ITPS), órgão vinculado à Secretaria do Estado do Desenvolvimento Econômico e da Ciência e Tecnologia (Sedetec), faz um alerta para aqueles que não conseguem identificar a qualidade do produto.
A coordenadora do Laboratório de Bromatologia do ITPS e doutora em alimentos e nutrição, Karina Leão, explica que a fraude ocorre quando a manteiga é também misturada com gorduras vegetais. “Quando adicionam óleos vegetais ou creme vegetal, que são as margarinas, a manteiga adulterada fica com um amarelo mais forte, confundindo, assim, o consumidor", alerta a especialista.
A fraude na manteiga não apenas engana o consumidor, mas também pode trazer riscos à saúde. Óleos vegetais e gorduras hidrogenadas são ingredientes comuns na margarina e, quando adicionados à manteiga de forma ilegal, podem aumentar a ingestão de gorduras trans.
Segundo Karina, esse tipo de gordura está associada ao aumento do colesterol ruim (LDL), redução do colesterol bom (HDL) e maior risco de doenças cardiovasculares. "O consumo excessivo de gorduras vegetais pode contribuir para o desenvolvimento de problemas como aterosclerose, hipertensão e obesidade. Por isso, é fundamental que os consumidores fiquem atentos à qualidade da manteiga que compram", enfatiza Karina Leão.
Corantes
A manteiga adulterada recebe mais corante para imitar a coloração do produto original. São corantes artificiais em excesso, que, diferentemente do corante natural urucum, podem estar associados a reações alérgicas, irritação gastrointestinal e até problemas neurológicos, como hiperatividade e déficit de atenção.
Para quem consome manteiga artesanal, vendida em feiras e mercados, o ITPS recomenda perguntar ao vendedor sobre a forma de produção e armazenamento, além de observar as características sensoriais (cheiro e sabor) antes da compra.
De acordo com Karina Leão, a manteiga pura tem características sensoriais bem definidas, que podem ajudar o consumidor a identificar possíveis adulterações como:
A manteiga verdadeira tem um tom mais claro, semelhante a um creme. Já a adulterada tende a apresentar uma coloração mais intensa e pode ter uma consistência mais cremosa, mesmo quando refrigerada.
A manteiga pura quando solidifica é mais firme, quando refrigerada e, em temperatura ambiente, não fica cremosa quanto a margarina. Se o produto apresentar uma consistência muito cremosa ou não endurecer totalmente na geladeira, pode ser um indício de adulteração.
O aroma da manteiga é característico, suave e agradável. Caso o produto tenha um aroma diferente ou levemente artificial, pode indicar a presença de outros ingredientes.
No caso das manteigas industrializadas, é essencial ler os rótulos para verificar os ingredientes. O ideal é que contenham apenas creme de leite e, em alguns casos, sal e urucum (corante natural). Se houver a presença de óleos vegetais, gorduras hidrogenadas ou outras substâncias, trata-se de uma manteiga adulterada ou creme vegetal, que é a margarina.
Análise
No ITPS, a análise do produto é feita no laboratório de bromatologia, onde produtos alimentícios passam por análises que avaliam a qualidade dos alimentos, abrangendo diversos estágios da cadeia alimentar. Através dos resultados, é possível determinar se a matriz alimentícia está dentro dos padrões de identidade e qualidade.
Para solicitar os serviços do ITPS, os interessados devem buscar o Serviço de Atendimento ao Cliente (SAC), presencialmente na Rua Vila Cristina, bairro 13 de Julho, em Aracaju; por meio do telefone (79) 3198-8811 e 99191-3042; ou pelo e-mail sac@itps.se.gov.br .