Alface, cebolinha, coentro, pimentinha e manjericão. Esses sabores, fresquinhos e colhidos todos os dias, vêm direto da horta cultivada pelos próprios estudantes do Centro Estadual de Tempo Integral (Ceti) Santo Antônio, no município de Valença. Desde 2023, a horta da escola virou parte da rotina de mais de 350 alunos.

Por trás dela, está uma ideia simples de transformar um espaço ocioso em uma área produtiva, educativa e sustentável. E assim nasceu o projeto, criado pelos professores Ricardo Mendes, de Geografia, e Sídio Nogueira, de Informática.

Tudo começou com um poço artesiano parado e um terreno sem uso. Foi o ponto de partida para algo maior. “Reunimos os alunos, reativamos a bomba e demos o primeiro passo”, conta Ricardo. A partir daí, a iniciativa cresceu e ganhou força com o envolvimento da comunidade escolar.

Mais do que plantar e colher, a horta se tornou um verdadeiro laboratório a céu aberto. Ela une tecnologia e agroecologia com um sistema de irrigação automatizado, controlado por aplicativos e comandos de voz. A água usada na irrigação é reaproveitada, reforçando o compromisso com a sustentabilidade.

O projeto também está diretamente ligado aos cursos técnicos da escola, especialmente o de Controle Ambiental e as aulas de Inteligência Artificial. Os alunos participam ativamente da manutenção da horta e fazem aulas práticas interdisciplinares no local. A proposta é garantir uma alimentação saudável e livre de agrotóxicos para toda a comunidade escolar.

“Todos os dias as hortaliças são colhidas e levadas direto para a cantina”, explica Ricardo. A ideia, segundo ele, é mostrar na prática o que se aprende em sala. E os estudantes abraçaram a proposta desde o início.

“Formamos grupos de estudos, trocamos ideias e aprendemos a cuidar juntos do espaço. Além de tudo, comemos o que ajudamos a plantar”, relata Gustavo Lima, aluno da 3ª série do ensino médio. A convivência em torno da horta fortaleceu laços, promoveu o trabalho em equipe e despertou nos jovens o senso de responsabilidade.

Para apoiar a iniciativa, a Secretaria de Estado da Educação (Seduc) viabilizou a construção de uma estufa. Com isso, a produção aumentou e ficou ainda mais diversificada. Além das hortaliças, a escola colhe frutas e ervas como goiaba, limão e cidreira, que também são aproveitadas no dia a dia da cozinha escolar.

O secretário de Estado da Educação, Washington Bandeira, destaca que projetos como esse têm um papel transformador. “Quando o conhecimento se conecta com a realidade dos estudantes, ele se torna ainda mais valioso. Vai além do conteúdo e contribui para o bem-estar, a formação cidadã e a convivência”, afirma.

Agora, a escola sonha mais alto. A próxima meta é ampliar o espaço com a introdução de hortaliças cultivadas por meio da técnica de semi-hidroponia, em estufas instaladas em plataformas suspensas.

O Ceti Santo Antônio oferece Ensino Médio integrado a cursos técnicos nas áreas de Informática, Administração, Desenvolvimento de Sistemas, Controle Ambiental e Farmácia. A escola segue demonstrando que, quando a educação se alia à prática, sustentabilidade e à inovação, os frutos aparecem.