A Secretaria de Estado da Saúde (SES), por meio do Departamento de Atenção à Saúde do Adulto e Idoso, promoveu, nesta sexta-feira (13), o “Curso Teórico-Prático em Neuropatias e Complicações nos Pés”, no Praia Mar Eventos, situado na Avenida dos Holandeses, bairro do Calhau, em São Luís. A capacitação contou com o apoio da Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD) e Sociedade Brasileira de Diabetes Regional Maranhão (SBD-MA). O curso é destinado a profissionais médicos e enfermeiros que atuam na Atenção Primária à Saúde (APS) dos 217 municípios maranhenses.

“O foco principal é destacar a importância do cuidado com os pés em pessoas com diabetes, tanto para os próprios pacientes quanto para os profissionais de saúde, especialmente os da atenção primária, de forma que estejam atentos para as neuropatias e outras complicações nos pés relacionadas à doença”, disse a coordenadora de Atenção à Saúde do Adulto e Idoso da SES, Claudiana Cordeiro.

Durante todo o dia, os participantes tiveram acesso à formação teórica e prática, com o auxílio de especialistas médicos, com espaço para práticas clínicas essenciais no atendimento a pacientes diabéticos acolhidos nas Unidades Básicas de Saúde (UBS), situadas dentro dos territórios. 

“O curso tem como objetivo treinar o pessoal a identificar precocemente as lesões, as alterações das sensibilidades que possam caracterizar como pé de risco, ou a presença de doença arterial periférica, seja do pé que tem deformidade ou que já teve alguma lesão ou amputação, a fim de que seja feita a prevenção de novas lesões e extirpações. Acreditamos que se os profissionais forem bem orientados, eles atuarão de forma precisa para um melhor diagnóstico, evitando complicações”, destacou a coordenadora do Departamento de Neuropatias e Complicações dos Pés da Sociedade Brasileira de Diabetes, Geisa Macedo.

A endocrinologista do Hospital Dr. Carlos Macieira (HCM) e da Policlínica Diamante, Fernanda Tomé, que na ocasião representou a SBD Regional Maranhão, explicou o porquê de tratar a neuropatia diabética. “A doença é o comprometimento dos nervos periféricos por uma situação de mau controle da doença, caracterizada pela perda de sensibilidade dos pés e mãos. Essa perda de sensibilidade, ou dormência, apesar de ser muito frequente, os pacientes pouco se queixam a respeito, mas que é muito perigosa, principalmente se a pessoa se ferir e não sentir o machucado” disse Tomé.

Para esses pacientes, o ferimento pode estar associado a uma complicação arterial, caracterizada pela redução do fluxo sanguíneo para os membros inferiores. Feridas em pessoas com dificuldade de cicatrização podem evoluir para amputações, caso não sejam tratadas adequadamente. A neuropatia está associada a outras complicações, como as cardiovasculares e renais, já que essas condições costumam ocorrer de forma concomitante e são rastreadas nos pacientes.

Entre os temas tratados na período da manhã, os profissionais tiveram acesso ao conteúdo teórico, com temas como neuropatia diabética periférica, lesões pré-ulcerativas, mecanismo de ulceração e manejo das úlceras nos pés relacionadas ao diabetes, doença arterial periférica em pessoas com diabetes, infecções nos pés e 'Off Loading: alívio de pressão temporário e definitivo'.

No turno da tarde, foi a vez das atividades práticas, onde foram abordados pontos como neuropatia na prática, avaliação prática da doença vascular periférica, manejo das calosidades, bordas hiperqueratóticas e cuidados locais com a úlcera, além da demonstração prática de ‘Off Loading’.

Andrea Lopes Coelho é endocrinologia e atua tanto na Atenção Primária de Balsas, como também em clínica particular do município, e aprovou a iniciativa de promoção do curso. “Temos uma grande quantidade de pacientes diabéticos com pé diabético. Por isso é sempre bom a gente estar se capacitando, porque sempre surgem coisas novas, também para poder fazer o melhor para o nosso paciente”.

A enfermeira Nayara Costa integra a equipe de profissionais do Hospital Dr. Raimundo Lima, unidade estadual que funciona na retaguarda do HCM para demandas de pacientes diabéticos e hipertensos, e também elogiou a iniciativa. “Temos a oportunidade de vivenciar, na prática, o uso dos manejos e dos aparelhos, pois não adianta conhecer as técnicas sem saber aplicá-las corretamente. Por isso, este momento é tão importante e enriquecedor. Ele nos qualifica ainda mais para oferecer qualidade e bem-estar ao paciente”.