A experiência de pisar em um gramado de campo de futebol profissional e cobrar o pênalti serão lembranças que o jovem Saymon Gabriel Silva, de 13 anos, jamais esquecerá. Diagnosticado com miocardiopatia hipertrófica severa, o adolescente realizou o sonho de conhecer o Estádio Castelão, em São Luís, nesta quinta-feira (12).

O momento foi proporcionado como parte do programa de humanização para pacientes atendidos pelo Hospital Dr. Carlos Macieira (HCM), unidade de alta complexidade da Secretaria de Estado da Saúde (SES). "Estar aqui me faz pensar mil coisas. É muito bom estar aqui porque é a primeira vez que estou conhecendo um estádio como esse. Para mim foi muito bom. Incrível! Um dia inesquecível", disse Saymon.

Natural de Açailândia, região sul do Maranhão, Saymon viveu a vida de um adolescente normal até os seus 10 anos. Torcedor de coração do Clube de Regatas do Flamengo, ele tinha como propósito um dia se tornar jogador profissional de futebol. Porém, por volta dos 10 anos esse projeto precisou ser interrompido em razão de sucessivos problemas de saúde.

Segundo a mãe de Saymon, Lidiane Satires, de 34 anos, foi o professor da escolinha de futebol onde ele treinava que percebeu os primeiros sintomas, que vinham acompanhados de cansaço excessivo e dispneias (falta de ar e dificuldade para respirar). Gradativamente, conforme o tempo ia passando, principalmente em razão dos esforços físicos que fazia, as dispnéias aumentavam, piorando a situação progressivamente.

Após uma bateria de exames, feitos lá mesmo em Açailândia, foi identificada  uma alteração cardíaca, que mais tarde foi confirmada pela equipe de cardiologistas do HCM: uma miocardiopatia hipertrófica severa. Por isso, para assegurar que o momento de lazer do rapaz fosse seguro, uma equipe multiprofissional do HCM o acompanhou, aferindo a cada instante os batimentos cardíacos e saturação sanguínea.

"Durante a internação, a nossa equipe de humanização do hospital sempre conversa e entende as necessidades de cada uma das pessoas que lá estão internadas e o Saymon que gosta muito de futebol, tinha um sonho de vir conhecer o Castelão. E aí nós discutimos um planejamento estratégico junto com a equipe de cardiologia. Entramos em contato com todos os órgãos de governo, sendo propiciado esse ambiente pela SEDEL. Foi então que trouxemos o Saymon para conhecer o estádio, andar um pouco no gramado, bater um pênalti. Sem dúvidas ele vai sair daqui com isso realizado para a sua vida", afirmou o diretor geral do HCM, Edilson Medeiros.

"Foi um momento indescritível, sem explicação, muito emocionante. Estou muito feliz. Agradeço a vocês todos porque eu sei que ele está feliz nesse momento, e eu mais ainda", comentou a mãe de Saymon, Lidiane Satires.

Para abrilhantar ainda mais o momento, os jogadores profissionais de futebol Anderson Pimentinha e Márcio Araújo, atacante e meio de campo do Sampaio Corrêa, compareceram ao estádio e participaram do bate-bola com Saymon. "A gente sabe que o esporte muda a vida de todo mundo, o futebol em si, principalmente porque não é só esporte. Estou feliz por ter uma oportunidade dessa, a de estar fazendo uma criança feliz. Ver a emoção da criança aqui, acho isso gratificante, muito gratificante", disse Pimentinha. 

"O esporte é isso, é inclusão, é reconhecimento do outro, é amor ao próximo, é companheirismo. Isso tudo a gente vê dentro dos clubes, dentro das equipes, por isso estamos apenas retribuindo um pouco daquilo que a gente viveu na nossa vida. Com certeza essa é uma iniciativa que vai ajudá-lo, vai capacitá-lo também, vai dar força e esperança para continuar o tratamento", acrescentou Márcio Araújo.

A Secretaria de Estado do Esporte e Lazer (SEDEL) é quem administra o Castelão. De acordo com o coordenador financeiro da secretaria, Mariano Paulista Azevedo, o convite por parte da SES para realizar o sonho de Saymon está inserido na política de humanização da pasta. "Nós, da SEDEL, estamos de portas abertas, e isso não é só com o esporte, mas também com o lado também humanitário. Nosso objetivo é somar e cooperar sempre no que for possível", frisou Mariano.

O procedimento cirúrgico cardiológico de Saymon para corrigir a condição cardíaca de que é portador está previsto para a próxima semana no Hospital Dr. Carlos Macieira.

MIOCARDIOPATIA HIPERTRÓFICA

A miocardiopatia hipertrófica é uma condição hereditária em que o músculo do coração, especialmente na região do ventrículo esquerdo, se torna mais espesso do que o normal. Em algumas pessoas, essa alteração não provoca sintomas, mas em outras pode causar falta de ar, dor no peito ou desmaios e, em casos mais graves, pode levar até à morte súbita. O diagnóstico costuma ser feito com exames como o ecocardiograma ou a ressonância magnética do coração. O tratamento tem como objetivo aliviar os sintomas e prevenir possíveis complicações.