Como parte da programação da Força-Tarefa dos Governadores para o Clima e as Florestas (GCF) realizada no Acre, sete grupos de trabalho visitaram nesta quarta-feira, 21, diversos municípios do estado. O objetivo foi conhecer de perto como extrativistas, cooperados, produtores e criadores desenvolvem suas atividades, assegurando o sustento familiar, promovendo o desenvolvimento local e a inclusão social, sempre alinhados à preservação ambiental.
Um dos grupos esteve na Reserva Extrativista Chico Mendes, em Xapuri, onde percorreu a Trilha da Borracha, Artesanato e Floresta Plantada. A comitiva conheceu o Programa Jurisdicional de REDD+ (Redução de Emissões por Desmatamento e Degradação Florestal) do Acre, iniciativa pioneira que busca reduzir de forma progressiva e consistente as emissões de gases de efeito estufa, ao mesmo tempo em que promove o desenvolvimento sustentável.
Os visitantes vivenciaram uma imersão que incluiu a travessia do Rio Acre, um percurso de 60 km de ramal dentro da Reserva, obtendo informações sobre conservação em nível de paisagem, e efetuaram também uma visita às plantações de seringueira, com acompanhamento do cotidiano dos extrativistas, desde a colheita do látex até as técnicas tradicionais de manejo florestal.
A diretora de Políticas Públicas do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam), Gabriela Savian, destacou a importância da visita e os benefícios gerados para a comunidade local.
“Essa experiência de vir a campo, ver a floresta e a vida das pessoas que nela vivem e produzem é fundamental. Conhecer os produtos fabricados pelo Ateliê da Floresta, que são sustentáveis, despertou o interesse de todos. Esse é o objetivo das trocas de experiências neste evento: conhecer, gerar recursos, emprego, renda e serviços ambientais a partir da floresta e com as pessoas”, afirmou.
A programação teve início na casa da família de Raimundão Mendes, primo do líder ambiental Chico Mendes. Durante o encontro, foram compartilhadas experiências e saberes sobre a biodiversidade, o modo de vida extrativista e o legado de luta pela preservação da Floresta Amazônica. O grupo também debateu estratégias para o manejo e a proteção florestal em escala jurisdicional, além de mecanismos de mercado de carbono e outras formas de pagamento por serviços ambientais, fortalecendo iniciativas baseadas em resultados.
Em uma experiência cultural e gastronômica, o grupo, composto por participantes de diversas nacionalidades, desfrutou de um almoço típico da culinária acreana na própria reserva extrativista. À tarde, visitou a Casa de Chico Mendes e seu Memorial, encerrando as atividades na Cooperativa Central de Comercialização Extrativista do Acre (Cooperacre).
Em vigor desde 2012 no estado, o Programa Jurisdicional de REDD+ do Acre visa incentivar a conservação das florestas e a redução das emissões de carbono, captando recursos financeiros para projetos de conservação e restauração florestal. A iniciativa também promove atividades agropecuárias sustentáveis, apoia comunidades locais e fortalece ações de educação ambiental.
Os incentivos são viabilizados por meio dos créditos de carbono, que ajudam a financiar projetos voltados à restauração da floresta e à preservação da mata nativa, contribuindo para a mitigação das mudanças climáticas. O Projeto Paisagens Sustentáveis da Amazônia (ASL Brasil) é um dos beneficiados por esse mecanismo.
O ASL Brasil, em parceria com o governo do Acre, já desenvolve ações em conjunto com o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), apoiando comunidades da Reserva Chico Mendes. Entre as ações estão o fortalecimento dos sistemas agroflorestais (SAFs), com fornecimento de kits para extração da borracha, incentivo ao turismo e fomento à economia local.
Para Laura Lamonica, diretora de Soluções para o Clima da organização não governamental Conservação Internacional no Brasil, a parceria entre o governo do Acre, o Programa Jurisdicional de REDD+ e o ASL Brasil beneficia não apenas as comunidades da reserva, mas contribui para a geração de créditos de carbono para o estado.
“Temos uma meta ambiciosa de impactar 28 mil hectares em restauração na Amazônia. Por meio desta parceria com o ICMBio, para a regeneração natural assistida, e da promoção dos sistemas agroflorestais junto aos produtores rurais, estamos trilhando caminhos promissores. Além disso, toda a agenda de regularização ambiental e a implementação do Código Florestal são fundamentais para alcançar esse impacto tão necessário”, ressaltou.
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