No combate diário ao tráfico de drogas na região oeste do Pará, uma agente especial de quatro patas se tornou uma verdadeira lenda. Ísis, uma cadela da raça Pastor Belga Malinois, integra o 1º Canil Setorial do 2º Batalhão de Missões Especiais (2º BME) da Polícia Militar e, aos quatro anos, já soma importantes vitórias na luta contra o crime organizado na região.
A história de Ísis na corporação iniciou há dois anos, quando foi doada por um casal de criadores em Santarém. Após avaliação autorizada pelo comandante do 2º BME, tenente-coronel Wilton Chaves, a equipe de policiais cinotécnicos identificou rapidamente o potencial da cadela, que demonstrou resistência física, estabilidade emocional e forte instinto de trabalho — qualidades ideais para atuar no policiamento. Em menos de um ano, Ísis já estava participando de operações.
Desde então, sua atuação tem sido marcada por precisão e eficácia na detecção de substâncias ilícitas. Com faro apurado e alto nível de concentração, Ísis atua em abordagens a embarcações, ônibus, carros de passeio, residências, rodoviárias e aeroportos. Sua sintonia com o condutor também é apontada como fator crucial para o sucesso nas operações.
Treinamento e cuidados
O desempenho de Ísis é resultado de um trabalho contínuo de preparação. Ela recebe alimentação balanceada, passa por exames de rotina e participa de treinamentos específicos voltados à detecção de drogas. Atividades lúdicas também fazem parte da rotina da cadela, ajudando a aliviar o estresse e manter o condicionamento físico.
O 2º BME dispõe de uma equipe dedicada ao cuidado dos animais: são nove policiais no canil, 28 no pelotão montado e três militares no quadro de saúde, que acompanham sete cães e 29 equinos. Um dos cães está em fase de formação para atuar com cinoterapia, enquanto três cavalos são treinados para sessões de equoterapia.
Um legado no combate ao tráfico
A atuação de Ísis se mostra especialmente estratégica em uma região marcada por rotas fluviais que cortam a Amazônia e são utilizadas pelo tráfico internacional de drogas. Em uma das operações mais impactantes, a "Fake Ferry", a cadela ajudou a localizar mais de duas toneladas de entorpecentes escondidos entre Santarém e Óbidos. No total, ela já contribuiu para a apreensão de aproximadamente 2,5 toneladas de drogas, só neste ano de 2025.
Segundo o sargento Felipe Rego, responsável pelo seu treinamento, a dedicação da cadela impressionou desde os primeiros dias. “Ela chegou já adulta e logo mostrou um grande potencial. Começamos com adestramento básico e, à medida que evoluía, direcionamos para a detecção de substâncias”, explicou.
Agora, Ísis começa a construir um legado. Um de seus filhotes, batizado de Tupã, já está em treinamento e chegou a acompanhar a mãe durante um estágio supervisionado. A expectativa é que ele atinja o mesmo padrão técnico e se torne mais um aliado no enfrentamento ao tráfico na região.
Muito além de uma cadela policial
Ísis é mais do que uma policial canina: ela representa o compromisso da Polícia Militar do Pará com a inteligência estratégica, o uso de tecnologias vivas e o fortalecimento das ações de segurança pública. Sua atuação, apoiada por uma equipe técnica qualificada, reforça o papel da corporação na proteção da sociedade paraense e na desarticulação de redes criminosas na Amazônia.
Texto: Aline Almeida / Ascom PM