A ciência e a história se encontram em Sousa, no Sertão da Paraíba. O município está sendo palco de debates das descobertas que revolucionaram o entendimento da humanidade sobre a vida pré-histórica. A abertura do I Congresso Internacional de Paleontologia do estado – uma realização do Governo da Paraíba, por meio da Secretaria de Estado da Ciência, Tecnologia, Inovação e Ensino Superior – teve início nessa sexta-feira (21), reunindo especialistas, pesquisadores e estudantes com discussões científicas. Entre os destaques do primeiro dia, estiveram o I Fórum Ensino Superior: Atualização e Expansão Curricular na Paraíba e uma palestra sobre a história geológica da Bacia de Sousa.
Além disso, a solenidade contou com o lançamento do livro “Dinosaur Tracks of Mesozoic Basins in Brazil: Impact of Paleoenvironmental and Paleoclimatic Changes” (Pegadas de Dinossauros nas Bacias Mesozóicas do Brasil: Impacto das Mudanças Paleoambientais e Paleoclimáticas - tradução livre) do pesquisador italiano Giuseppe Leonardi e do professor Ismar de Souza Carvalho. O evento segue com uma programação intensa até este domingo (23), reforçando o papel da Paraíba como um centro de conhecimento e inovação científica.
A mesa de abertura foi composta pelo Dr. Juvandi Santos, professor da UEPB e Coordenador do Projeto de Pesquisa em Arqueologia e Paleontologia na Bacia do Rio do Peixe (Apeap); professor Dr. Ismar de Souza Carvalho, do Instituto de Geociências da UFRJ; professor Dr. Giuseppe Leonardi, do Instituto Cavanis - Itália; Fabio Naro, adido da embaixada Itália no Brasília; Helder Carvalho, Prefeito Municipal de Sousa; professor Dr. Claudio Furtado, secretário Estadual da Ciência, Tecnologia, Inovação e Ensino Superior (Secties); secretário do município da Juventude e da Ciência e Tecnologia, Koloral Junior; professor Edvan Nunes, pró-reitor do Ensino Médio, Técnico e Educação à Distância da UEPB; Camila Nóbrega, gerente da Agência Regional do Sebrae em Sousa - PB; Natália Fernandes, presidente da Câmara de Compensação Ambiental - Sudema/PB.
“Este congresso reúne cientistas não apenas do Brasil, mas de diversas partes do mundo, promovendo um intercâmbio essencial para o avanço da ciência e do desenvolvimento regional. Nosso objetivo é fortalecer esses laços, atraindo investimentos que possam potencializar a inovação e o crescimento sustentável da região. Ter aqui a presença de Giuseppe Leonardi, uma referência na área, é uma grande honra para nós”, ressaltou o secretário da Secties, Claudio Furtado.
O pesquisador Giuseppe Leonardi expressou sua alegria por retornar à Paraíba e acompanhar as transformações em Sousa, impulsionadas por seu trabalho na década de 1970. “Fiquei muito feliz em ver como Sousa se desenvolveu. Quando cheguei aqui, era uma cidade muito pobre [...] Agora tudo está mudado, vejo empresas utilizando os dinossauros para o turismo, e isso é muito bom”, afirmou.
Durante o evento, Giuseppe foi homenageado por sua contribuição à paleontologia. Padre e paleontólogo italiano, ele é reconhecido mundialmente por seus estudos pioneiros sobre pegadas de dinossauros na região. “Eu perguntava se havia pegadas de dinossauros no Brasil, e todos diziam que não. Mas eu sabia que no livro Serras e Montanhas do Nordeste, escrito por Luciano Jacques de Moraes em 1924, havia indícios dessas pegadas na cidade de Sousa. Então, consegui uma bolsa do CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico) e vim para cá. Encontrei as pegadas mencionadas no livro e muitas outras”, relatou.
O adido científico da Embaixada da Itália no Brasil, Fabio Naro, comentou sobre a importância da parceria entre os dois países para o avanço científico da Paraíba. “Essa ocasião acredito que seja o início do percurso de desenvolver, ao longo dos anos, trazendo uma pesquisa de qualidade e também a criação do interesse importante que temos no Sertão paraibano. A importância maior é que simplesmente o estado com as parcerias internacionais servem também para desenvolver uma visão geral do que pode ser feito aqui”.
Confira a programação do evento aqui .
Fórum Internacional - O I Fórum Ensino Superior: Atualização e Expansão Curricular na Paraíba, no Espaço Casé, em Sousa, aconteceu durante o primeiro dia de Congresso e reuniu especialistas nacionais e internacionais para apresentar e debater novos cursos e projetos estratégicos para o desenvolvimento regional.
Durante o Fórum, foram apresentados os programas e projetos em andamento no Complexo Científico do Sertão. O encontro também foi espaço para discutir as demandas de formação em níveis tecnológico, superior, de pós-graduação e pesquisa; ouvir relatos sobre as atividades realizadas nos cursos de graduação ligados às áreas afins do Complexo, a exemplo da paleontologia, arqueologia, astrofísica e geologia na Paraíba; e debater estratégias para a criação de novos cursos e especializações na área.
Participaram do evento o secretário da Secties, Claudio Furtado; o secretário de Inovação da Secties, André Ribeiro; o secretário executivo Rubens Paiva; o professor doutor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Ismar de Souza Carvalho; o diretor do Museu MUSE, na Itália, Massimo Bernardi; o representante da Agência Nacional de Mineração, Artur Andrade; o Adido Científico da Embaixada da Itália no Brasil, Fabio Naro; o coordenador do Projeto Bingo, Amílcar Rabelo; além de representantes da UFPB, UFCG, UEPB e IFPB.
De acordo com o secretário Claudio Furtado, o Fórum foi fundamental para fortalecer as discussões sobre a implantação do Complexo Científico do Sertão, que reunirá o Monumento do Vale dos Dinossauros, o Museu de Arqueologia da Paraíba, a Cidade da Astronomia e o Projeto Bingo.
“É uma oportunidade de apresentar o projeto a especialistas e buscar, junto às universidades e ao Governo do Estado, parcerias que possam impulsionar essa iniciativa. Trata-se de uma ação estratégica para o desenvolvimento do Estado da Paraíba e, em especial, do Sertão”, destacou.
Para o diretor do Museu Muse, na Itália, Massimo Bernardi, a ideia do Complexo é desafiadora, por isso a troca de ideias entre os dois países se faz tão necessária. “A ideia de reunir todos esses diferentes centros de pesquisa, museus e elementos do patrimônio é muito fascinante. Este é um grande desafio, pois as pessoas não estão acostumadas a transitar facilmente entre diferentes tópicos, como gostaríamos. Normalmente, cada pessoa se interessa por um único tipo de informação por vez. O que estamos tentando desenvolver aqui é algo completamente diferente: uma rede de lugares onde um promove o outro. [...] Portanto, trata-se de um projeto amplo exigindo um planejamento cuidadoso. E é isso que estamos tentando construir nestes dias”, comentou.
O Complexo Científico do Sertão da Paraíba tem como missão impulsionar a pesquisa, promover a popularização da ciência e posicionar o estado no cenário nacional e internacional, atraindo pesquisadores, professores, estudantes e turistas.