Da areia ao asfalto, o Verão Sergipe 2025 estreou com variedades na programação esportiva da Barra dos Coqueiros. Além das atividades realizadas na Praia da Atalaia Nova, a edição contou com práticas do skate street na Praça de Eventos, estruturada para receber a modalidade que tem no ambiente urbano a sua fonte de inspiração. Esta é a quarta semana do evento realizado pelo Governo do Estado com intuito de fomentar o esporte, o turismo e a economia do interior à capital sergipana.
Com registros de prática ainda na década de 1980, o skate street somente ascendeu como esporte olímpico há pouco mais de quatro anos, nos Jogos de Tóquio, em 2021. São as manobras radicais e a técnica de quem sabe percorrer com habilidade os desafios do ambiente urbano que impressionam os amantes do esporte. Nesta temporada do Verão Sergipe não foi diferente. Desde ontem, 15, entusiastas do Skate Street celebram os avanços da modalidade ao longo dos anos e participam das atividades realizadas em parceria com o projeto social Skarte.
“O skate era um esporte marginalizado, ele veio ganhando espaço. Além de ser bonito, é interessante, é radical, e com essa inclusão na olimpíada aumentou a quantidade de praticantes. Ele é um esporte maravilhoso para você ver as pessoas desenvolvendo equilíbrio e tantas coisas que só tem a acrescentar", enfatiza o atleta e instrutor do Projeto Skarte, Eduardo Félix.
Antes jogador de futsal, Eduardo encontrou no skate mais do que um estilo de vida. “Eu achei um skate de um amigo meu, subi nele e caí feio, mas decidi que eu ia aprender a andar naquilo de qualquer jeito. Com um ano e meio, já fui campeão sergipano. Foi até rápido comparado ao processo de aprendizagem do skate. De lá para cá, são doze anos competindo fora do Brasil e no país todinho”, conta ele que, agora, também tem a oportunidade como instrutor de levar alunos e alunas para percorrer esses mesmos caminhos.
Entre as modalidades do skate, estão o park e o street. “No street a gente utiliza muito o corrimão de rua, escadaria, caixotes, bancos. É o que tem na rua, o nome já diz. A evolução dele é um pouco mais difícil que a do park [modalidade que acontece em pistas de skate e tem as paredes como empecilho]. No park, a evolução é mais rápida, mais constante. No street, tem os desafios da rua”, explica Eduardo.
Para a edição do Verão Sergipe na Barra dos Coqueiros, a programação conta com uma estrutura montada especialmente para aprendizagem do skate street, atraindo olhares de todos os públicos. Além da estrutura proporcionada pelo Governo do Estado, rampas, skates e capacetes foram levados pelo Projeto Skart para uso e instrução dos participantes interessados na atividade. “A gente foi bem recebido pelo governo, com toda a estrutura que eles deram e o pessoal também está adorando. Todo lugar que a gente chega a criançada se junta, vem, e tem [também] pessoal de uma idade mais avançada que se interessou em fazer parte da atividade”, conta o instrutor.
Para todos os públicos
Do município de Nossa Senhora do Socorro, Gildete Santos, soube do Verão Sergipe assistindo à televisão. Sua primeira experiência com o evento foi em Ponta dos Mangues, na cidade de Pacatuba, há algumas semanas. Ela conta que soube que a oportunidade iria se repetir na Barra dos Coqueiros e não perdeu tempo. “Falei para minha irmã, minha sobrinha e amiga. Eu disse ‘vamos lá porque é top, a gente faz de tudo um pouco’. Aqui, eu vim só pra tirar foto e, de repente, os instrutores de skate foram formidáveis nos convidando para fazer uma aula prática. Eu amei. Tenho 65 anos e nunca tinha subido em um skate”, relata, animada pela experiência única.
Sobrinha de Gildete, Luciana Santos também compartilhou da vivência. Com uma casa de apoio na Barra dos Coqueiros, de uma familiar, ela aproveitou a oportunidade para prestigiar o evento. “Demos uma olhadinha no site e viu que tinha essas oficinas abertas. Então, quando a gente viu o skate, a gente se interessou, se empolgou e veio fazer a aula. Deu um medinho, mas é muito seguro, porque a gente inicia com um skate que não tem rodinhas, apenas com um apoio e depois a gente dá uma voltinha com o instrutor”, relata.
Apesar de já ter contato com outras atividades esportivas, como o ciclismo, essa foi a primeira experiência de Luciana no skate, que também destacou a relevância da programação esportiva no evento. “É muito importante e fundamental porque acaba tirando a gente das telas, do marasmo, e a experiência é surreal. Não dá para explicar você ter [a oportunidade de] um primeiro contato com um esporte diferente”, acrescenta.
Acompanhando Gildete e Luciana, quem também marcou presença nas aulas de skate foi Dulcileide Andrade, ciclista amadora, praticante do muay thai e apaixonada pelos benefícios das atividades esportivas. “Meu objetivo principal é manter meu corpo ativo e ajudar, também, a questão da mente. Como saímos de uma pandemia praticamente recente, a gente encontra amigos que estão passando por quadros de depressão, de ansiedade, e sempre indicamos o esporte como uma fonte de você se libertar desses problemas de saúde. Então, eu levo isso pra minha vida, como libertação. Quando você pratica esporte, você percebe que seu corpo muda, sua mente muda. Eu vejo gente muito mais nova com uma vida sedentária, cheio de problemas de saúde. Graças a Deus, não tenho problemas, eu atribuo isso aos meus esportes”, enfatiza ela sobre o poder transformador das atividades em sua vida.
Aos 46 anos, Dulcileide - Dulce, como também é chamada -, revela ter orgulho de si e da trajetória que tem trilhado junto ao esporte. Com filho skatista, ela contou que sempre teve vontade de praticar, mas tinha um certo receio por conta da idade. Na ação do Verão Sergipe, esse receio ficou de lado. “Gente, será que é ridículo a gente participar de uma aula? Aí as meninas: ‘vamos lá, vamos ver se pode’. E nós fomos, foi maravilhoso, ficamos encantadas com a atenção dos meninos [instrutores]”, afirma ela que terminou a atividade com vontade de andar de skate mais vezes.
Verão Sergipe
O Verão Sergipe é uma realização do Governo do Estado, por meio da Fundação de Cultura e Arte Aperipê de Sergipe (Funcap) e Secretaria de Estado da Comunicação (Secom), com patrocínio do Banese Card e da Companhia de Saneamento de Sergipe (Deso) e apoio das prefeituras de Pacatuba, Canindé de São Francisco, Pirambu, Barra dos Coqueiros, Itaporanga d'Ajuda, Estância, da Energisa e Eneva.