O 50º Simpósio do Encontro Cultural de Laranjeiras chegou ao fim neste sábado, 11 de janeiro, no auditório da Universidade Federal de Sergipe – Campus Laranjeiras. O encerramento foi marcado por trocas de experiências entre mestres das culturas populares e por homenagens a Luiz Antônio Barreto, grande incentivador e figura central na realização da primeira edição do evento.
A iniciativa é uma realização do Governo de Sergipe, por meio da Fundação de Cultura e Arte Aperipê (Funcap), com coordenação geral do Conselho Estadual de Cultura (CEC), e conta com parcerias da UFS e do Instituto Histórico e Geográfico de Sergipe (IHGSE), além do apoio da Prefeitura de Laranjeiras.
A primeira mesa-redonda do dia, intitulada “Diálogo com Mestres e Mestras das Culturas Populares”, foi mediada pelo secretário municipal de Cultura, Leomax Célio, e contou com as lideranças: Aninha de Dona Lalinha, do Reisado de Dona Lalinha (Laranjeiras); Dona Zefinha, da Batucada (Estância); Dona Madá, do Samba de Coco da Ilha Grande (São Cristóvão); Seu Diô, do Samba de Coco (Mosqueiro); Dona Nadir, da Mussuca (Laranjeiras); Mestre Nininho, do Caboclinhos (Laranjeiras); e Mestre Chico, da Capoeira Berimbau Gunga (Laranjeiras).
“Mais um ano realizando esse grande Simpósio, porque é impossível falar de culturas populares sem passar por Laranjeiras. O sentimento é de gratidão. Como diz o tema da edição: ‘Isso tudo é louvor, isso tudo é louvar’, e isso é o nosso município, essa mistura de cores, ritmos e discussões importantes”, afirmou Leomax Célio.
Aninha de Dona Lalinha, que está à frente do Reisado de Dona Lalinha há quatro anos, destacou a importância de dar continuidade ao legado iniciado por sua avó. “Minha avó, Dona Deusa, dançava, e o marido dela tocava. Nosso Reisado homenageia o nascimento do Menino Jesus e é formado majoritariamente por mulheres. É o único Reisado tocado com cavaquinho, enquanto os outros utilizam sanfona. Para mim, é um prazer dar continuidade ao grupo, mesmo diante das dificuldades, e sou grata pelo apoio que recebo”, disse.
Da mesma forma, Dona Madá, liderança do grupo Samba de Coco da Ilha Grande, de São Cristóvão, deu continuidade ao trabalho iniciado por seus avós e falou sobre a importância de manter a tradição: “Tudo que a gente faz é cultura, e ela é a melhor coisa que existe no mundo. A gente não pode parar, tem que continuar a vida brincando e deixar a tristeza para lá”, contou.
Entre as mesas-redondas, o público assistiu à apresentação cultural do Reisado Águia de Ouro, formado há três anos por crianças de Laranjeiras. O grupo mostrou como as tradições são transmitidas para as novas gerações, reforçando os laços de pertencimento.
“Toda vez que a gente dança nesse Encontro Cultural é uma realização. Minha filha participa do Reisado, meu filho faz parte do grupo de Cacumbi, e minha pequenininha de dois anos já está aprendendo para a próxima apresentação. Se eu não incentivar meus filhos a participarem, eles não vão sentir aquele amor pela cultura quando crescerem”, afirmou a mestra Vanessa Fabiano.
Homenagem
A manhã também foi marcada por duas mesas em homenagem a Luiz Antônio Barreto, reconhecido por suas contribuições aos estudos do folclore e pela organização da primeira edição do Encontro Cultural.
“Luiz é uma figura emblemática na preservação da cultura sergipana. Ele não apenas contribuiu para a teorização da folkcomunicação, mas colocou em prática, valorizando as manifestações culturais populares e sua relação com os meios de comunicação de massa. O termo folkcomunicação trata da interação entre as manifestações culturais populares e os meios de comunicação. Barreto aprofundou esse conceito, destacando o papel da cultura popular na formação de identidade e na preservação de tradições”, pontuou Irineu Fontes, mediador da mesa.
Público
O evento atraiu participantes de várias partes do país, como o pernambucano Antônio Magno, pesquisador da cultura popular: “Conhecer o Encontro e o Simpósio já era um desejo antigo, e quando soube que essa seria a edição de 50 anos me organizei com muita antecedência para estar aqui prestigiando. Valeu muito a pena, eu saio hoje daqui transformado e muito inspirado, com certeza”, disse.
Já a professora de ensino fundamental Maria Matos destacou a importância do Simpósio para a educação: “Muito importante todas as discussões trazidas aqui, principalmente sobre como podemos levar esse conhecimento para os alunos para que o interesse comece cedo, que tenham contato e, quem sabe, até fazer parte de algum grupo. O Simpósio cumpre um papel muito importante em Sergipe, e meu desejo é que venham mais 50 anos”, comemorou.
Próxima edição
Como parte da tradição do evento, o último dia do Simpósio incluiu uma avaliação com mestres, pesquisadores e o público para discutir melhorias e definir o tema da próxima edição. Após votação, o 51º Simpósio do Encontro Cultural de Laranjeiras terá como tema: “Culturas Populares e Folkcomunicação: É de Ponta de Pé, é de Calcanhar”.