Tampo arrancado, base quebrada em três e outras partes despedaçadas. Assim foi encontrada a mesa de madeira proveniente da primeira sede do Senado, o Palácio Conde dos Arcos, no Rio de Janeiro. A peça do período do Império foi destruída na invasão do Congresso no dia 8 de janeiro. Ela ficava na recepção da sala de audiências da Presidência do Senado e, agora, após a restauração feita pela equipe do laboratório do Museu do Senado, está quase pronta para voltar ao seu lugar. A previsão é de que seja entregue até o final deste mês. — Essa mesa tem sido a coisa mais bonita de se ver porque, quando tudo aconteceu, a gente tinha dúvida se conseguiria restaurá-la — conta Ismail Carvalho, chefe de conservação e preservação do Museu. Foram 63 peças coladas e prensadas e 9 enxertos necessários, pois algumas partes realmente se perderam. Antônio Randall, mestre-artesão e um dos restauradores responsáveis pelo trabalho. Ele desenvolveu uma nova técnica usando cola e pregos para prensar a madeira inferior do tampo, que estava quebrada em oito partes. — A ferramenta de restauração que mais precisamos usar para essa mesa foi o coração. Com paciência e carinho conseguimos recuperá-la em toda sua beleza — disse Randall. Durante a restauração descobriram que o tampo da mesa estava já com uma camada de produtos, talvez até de limpeza, que foram escurecendo a madeira e escondendo seus veios e desenhos naturais. Essa película escura foi retirada e as duas tonalidades da madeira, uma central mais clara com veios em losango e outra mais escura que faz uma moldura, se revelou. — No transporte do Rio de Janeiro para cá, muitos móveis já foram danificados. Hoje há cursos para ensinar como fazer o transporte desse tipo de itens, mas na época eles vieram em caminhões que transitaram até por estradas de terra — conta Carlos Senna, o outro restaurador responsável pela mesa. Outros itens da sala de audiências da presidência que já foram restaurados pela equipe do Museu do Senado após os atos golpistas de 8 de janeiro são o quadro de Guido Mondin, os puxadores de bronze da porta de entrada em formato de brasão e uma cadeira de madeira que fazia parte do mobiliário do plenário do antigo Palácio Monroe, a segunda sede do Senado, que também se situava no Rio de Janeiro.
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