Com a proximidade do Círio de Nazaré, uma das maiores manifestações religiosas do Brasil, milhares de fiéis se preparam para a tradicional peregrinação em direção à Basílica Santuário de Nazaré, em Belém. Este ano, uma nova alternativa foi implementada para os romeiros que buscam um trajeto mais seguro e imersivo na natureza: o Caminho Peregrino da Trilha Amazônia Atlântica. Implementada com o apoio do Instituto de Desenvolvimento Florestal e da Biodiversidade (Ideflor-Bio), a trilha promete ser um divisor de águas na logística do evento.
Tradicionalmente, os fiéis seguiam a pé pela BR-316, enfrentando o calor intenso, o tráfego de veículos e os perigos associados a essa movimentada rodovia. Agora, a nova trilha proporciona um percurso paralelo à BR-316, totalmente sinalizado e protegido, oferecendo mais conforto e segurança aos devotos. O trecho, que já está em funcionamento entre Santa Izabel do Pará e Belém, conta com placas indicativas e marcações nas árvores, facilitando a orientação dos peregrinos.
Segundo o presidente do Ideflor-Bio, Nilson Pinto, o novo trajeto representa uma inovação não apenas em termos de segurança, mas também de experiência espiritual e ecológica. “Com o Caminho Peregrino da Trilha Amazônia Atlântica, estamos oferecendo um percurso mais seguro, longe do trânsito pesado e com mais sombra, para que os romeiros possam vivenciar a peregrinação com tranquilidade e em contato direto com a natureza”, destacou.
Natureza -O Caminho Peregrino é um trecho da Trilha Amazônia Atlântica, uma rota ecológica que vai de Viseu até a Igreja da Sé, em Belém, passando por importantes Unidades de Conservação (UCs) administradas pelo Ideflor-Bio, como o Refúgio de Vida Silvestre Metrópole da Amazônia, a Área de Proteção Ambiental (APA) Belém e o Parque Estadual do Utinga “Camillo Vianna”. Esses espaços preservam a fauna e flora locais e proporcionam uma experiência única aos romeiros.
Edna Rocha, organizadora de eventos de turismo religioso, foi uma das primeiras a testar o novo trajeto. Para ela, a trilha representa um momento de união, reflexão e fé. “Peregrinar é mais do que caminhar. É se unir, conversar, louvar e, acima de tudo, fortalecer a nossa fé. Essa nova rota permite que a gente se aproxime das comunidades locais, compartilhe experiências e viva plenamente o espírito de solidariedade”, afirmou emocionada.
Outra romeira, a condutora de trilhas Carol Oliveira, também ressaltou a singularidade da experiência. “Está sendo uma experiência única, totalmente diferente do que estou acostumada ao vir pela BR-316. Aqui, o contato com as comunidades é muito maior, valorizando-as e integrando-as ao processo de peregrinação. Ver a emoção das pessoas ao verem a Santa passar é gratificante e inesquecível”, compartilhou Carol, recomendando a trilha a outros devotos.
Imersão -O apoio das comunidades ao longo do trajeto tem sido fundamental para o sucesso da iniciativa. Ao passar por vilarejos e áreas de preservação, os romeiros têm a oportunidade de conhecer a realidade local e fortalecer os laços com os moradores, que se tornam parte integrante desta caminhada de fé.
Para o gerente da Região Administrativa de Belém, Júlio Meyer, que foi um dos idealizadores do Caminho Peregrino da Trilha Amazônia Atlântica, a criação dessa nova rota reforça o papel da cidade de Belém como centro de peregrinação religiosa e cultural. “Essa é uma forma de ampliar a experiência do Círio, promovendo a interação entre fé, natureza e comunidade. Queremos que os romeiros sintam a presença de Nazaré não apenas na chegada à Basílica, mas em todo o percurso, desde o início da caminhada”, concluiu.
A expectativa é de que nos próximos anos a trilha se torne parte essencial da rota de peregrinação para o Círio de Nazaré, oferecendo uma alternativa mais segura e espiritualmente enriquecedora para os milhares de fiéis que seguem essa jornada. O projeto prevê, inclusive, a expansão da sinalização para outros trechos da rota, tornando o trajeto ainda mais acessível e integrado às demais trilhas ecológicas da região.
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