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Aumento nos casos de coqueluche deixa cidade de São Paulo em alerta; baixa cobertura vacinal é um dos motivos, afirma especialista

Crianças menores de um ano são as maiores vítimas da doença

19/06/2024 às 06h40
Por: J6 Live Fonte: Assessoria
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Foto: Assessoria
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Em junho deste ano, a cidade de São Paulo acendeu um alerta por conta do aumento nas notificações da doença coqueluche no município. Na capital paulista, até o último dia 5, foram registrados 105 casos, segundo o Centro de Vigilância Epidemiológica (CVE). Já em todo o estado foram registrados 139 casos de coqueluche até a 23ª semana epidemiológica deste ano, encerrada em 8 de junho, representando alta de 768,7%, segundo o governo estadual.

Para o médico clínico-geral Marcelo Bechara, grande parte do aumento no número de pessoas infectadas se dá pela resistência à imunização. “A doença não era erradicada, mas estava controlada. Tinha um caso e outro, era bem difícil a alta infecção. Na minha experiência médica, cheguei a ter contato apenas com um caso confirmado. A vacina controlava e quando pegavam, era de maneira moderada”, relata o médico.

Esse fator é notado no perfil dos pacientes, que, em sua maioria, pertencem ao público que ainda depende dos pais ou responsáveis para a vacinação, como adolescentes de 10 a 19 anos e, especialmente, crianças abaixo dessa faixa etária. Bebês menores de um ano estão mais propensos à doença, pois  podem não estar vacinados ou ter completado o esquema vacinal.

“As crianças menores de um ano, que geralmente não estão vacinadas, podem ter sintomas mais agravados, como infecção respiratória, dor de ouvido e garganta, podendo levar a febre alta, convulsão e, por vezes, resultar em morte. É importante deixar a vacinação infantil em dia para evitar o retorno desses para o nosso cotidiano”, revela Bechara.

Embora as queixas de coqueluche tenham diminuído, a doença nunca deixou de circular. No ano passado, o estado de São Paulo, registrou 16 casos confirmados. Agora, com a piora da cobertura vacinal, a tendência é se elevar.

Com a escalada, as autoridades de saúde intensificaram as medidas de prevenção e controle para evitar a doença e proteger a população, especialmente os grupos de risco, como bebês e crianças pequenas.

Vacina garante a prevenção

Para prevenir, o imunizante é conhecido como pentavalente (DTP/HB/Hib) na rede pública e distribuído pelo Departamento do Programa Nacional de Imunizações (DPNI). Neste caso, a vacinação deve acontecer nos primeiros meses de vida, aos 2, 4 e 6 meses de idade, com 60 dias de intervalo nas doses. Até o momento, a cobertura vacinal estadual ainda se mantém em 76,3% para este público.

Para profissionais de saúde e grávidas, a vacina adsorvida difteria, tétano e coqueluche (dTpa) é a recomendada. No caso das gestantes, o imunizante deve ser administrado a cada gestação, a partir da 20ª semana, auxiliando em uma carga de anticorpos maior quando o bebê nasce.

“Mesmo com o reforço das medidas de proteção, ainda é surreal a baixa adesão à vacina e isso representa um problema de saúde pública, se continuarmos assim, outras enfermidades retornam, além da coqueluche, como a tuberculose, hepatite e tétano”, afirma o especialista.

Com o aumento nos casos, o DPNI ampliou a vacinação de profissionais de berçário e creches que atendem crianças de até 4 anos.

Histórico

A coqueluche é uma doença infecciosa aguda, transmitida pela bactéria Bordetella pertussisprincipalmente por meio de gotículas de secreções expelidas durante a fala, tosse e pelo espirro.

“Além da vacinação, é importante estar atento quando alguém está infectado, para evitar contato com a pessoa, pois a transmissão é muito fácil. Como medida de prevenção é importante também cobrir a boca ao tossir, higienizar as mãos e, se necessário, usar máscara em público”, reflete Bechara.

Na fase inicial, nomeada de catarralque, é uma tosse comum, semelhante a um quadro gripal, que dura até duas semanas, marcada por pouca febre, mal-estar geral e coriza. Quando a doença evolui, chama-se fase paroxística, ainda com febre baixa, mas com crises de tosse súbitas, rápidas e curtas, comprometendo a respiração.

A melhora vem com a fase de convalescença, onde se diminui os sintomas anteriores em frequência e intensidade, mas se mantém uma tosse mais leve.

Surto na Europa e Ásia

A Europa e a Ásia vêm sofrendo com surtos da doença. Somente entre janeiro e março de 2024, foram registrados 32 mil casos de coqueluche na Europa, segundo o Centro Europeu de Prevenção e Controle de Doenças (ECDC). Este aumento tem sido significativo e observado, principalmente, em vários Estados-Membros da União Europeia (UE) e do Espaço Econômico Europeu (EEE), incluindo Bélgica, Croácia, Dinamarca, Espanha, Suécia, Noruega e Países Baixos.

Já o Centro de Prevenção e Controle de Doenças da China (CCDC) informou que, em 2024, foram notificados no país 32.380 casos.

 

Sobre Marcelo Bechara

Marcelo Bechara é médico há mais de 16 anos. Formado em Medicina pela Universidade Metropolitana de Santos (UNIMES), seguiu na área de Medicina Clínica e Cirurgia Geral, tendo atuado como Subsecretário de Saúde na Prefeitura de Praia Grande e na linha de frente da Covid-19 durante a pandemia, também como regulador de vaga e chefe do SAMU, na rede pública de saúde.

Atualmente, Bechara atua com Medicina Integrativa, na clínica que recebe seu nome, inaugurada em 2023 em Praia Grande, São Paulo. Em seu espaço, realiza cuidados que vão além do tratamento de doenças, promovendo melhora no bem-estar e na qualidade de vida de seus pacientes.

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