O Rio Acre apresentou subida em seu nível há 17 dias e desde então o estado tem passadopor uma das piores enchentes da sua história. No dia 23 de fevereiro, o manancial ultrapassou sua cota de alerta, registrando 13,67 metros, 17 centímetros acima do limite de 13,50 metros. Desde então, as águas não pararam de subir na capital, chegando a ultrapassar, ainda no dia 23, a cota de transbordo, que é de 14 metros.
Já no dia 29 de fevereiro, o Rio Acre ultrapassou os 17 metros e se manteve acima desse nível por oito dias, chegando à segunda maior enchente registrada na capital desde 1971, quando o manancial passou a ser monitorado.Foi às 9h de quarta-feira, 6, que o rio atingiu 17,89metros, antes de começar a vazar no mesmo dia.
Antes disso, a segunda maior cheia havia sido em 3 de abril do ano passado, com 17,72 metros. A maior cota já registrada foi em 4 de março de 2015, com 18,40 metros.
Seguindo o processo de vazante, o Rio Acre chegou a 13,57 metros na medição das 9h desta segunda-feira, 11,saindo da cota de transbordamento. Com isso, para a população é iniciada a segunda fase desse processo: a volta para a casa.
A bacia do Rio Acre começa com a cheia nas cidades do Alto Acre, no interior do estado, e as águas descem para a capital.Brasileia também registrou a pior enchente de sua história e passa agora pela fase de reconstrução.
Desde o aumento do nível das águas, o governo do Acre colocou à disposição de todas as cidades atingidas a estrutura estatal,com equipes coordenadas por secretários e presidentes de autarquias,que levaram todo o apoio do Estado às prefeituras. Só de alimentos em cestas básicas, foram quase 69 toneladas.
O estado foi atingido em 86% de suas cidades, sendo que 19 das 22 cidades estão em situação de emergênciareconhecida pelo governo federal. Além disso, com o apoio da Defesa Civil Estadual e Nacional, as prefeituras foram orientadas na elaboração dos decretos de emergência e tomada de decisões.
O governador Gladson Cameli, durante todo esse tempo, manteve diálogo com o governo federal, por meio dos ministérios, na busca de recursos e assistência às famílias atingidas pela cheia. A transparência dos procedimentos também foi mantida durante todo o processo. Todas as ações, passos e real cenário do estado foram registrados no Sistema Público de Comunicação e também nos principais jornais de alcance nacional.
Mesmo com os rios em vazante, o trabalho não para. O coordenador da Defesa Civil Estadual, coronel Carlos Batista, disse que o momento ainda é de aguardar que esses rios cheguem à sua calha normal, que é abaixo da cota de alerta, para o devido retorno das famílias para suas casas.
Após a fase de atendimento e ação humanitária, o momento agora é de reconstrução. A Defesa Civil também começa as vistorias nas residências.
“Mas, antes disso, tem toda uma preocupação em relação à desinfecção, desinfestação dessas residências, vistorias técnicas para saber como se encontram as condições estruturais dessas residências, para que as famílias voltem com segurança. E também o trabalho que está sendo feito agora pelas prefeituras é a produção dos planos de trabalho de restabelecimento”, explica Batista.
Mais de R$ 28 milhões em ajuda humanitáriajá foram enviados às cidades do Acre.
A campanha Juntos pelo Acre, liderada pelo governo do Estado, que arrecada donativos para as vítimas da cheia, continua por tempo indeterminado. O secretário de Governo, Alysson Bestene, destacou a importância dessa união.
Um balanço feito pela Casa Civil, que reúne todos os recursos humanos e outros empregados nessas ações, mostra que, em 15 dias,foram entregues quase 69 toneladas de cestas básicas para atender à população. Além disso, houve estrutura empregada com maquinário, montagem de abrigos e reforço de pessoal. Os dados são atualizados diariamente, já que as ações continuam sendo realizadas.
Também foram entregues mais de 253 mil litros de água mineral e enviados ainda 563 quilos de frango e alimentos, por meio da Secretaria de Agricultura (Seagri), somando mais de 3,2 mil quilos em suprimentos, como peixe, verdura e legumes.
“A gente tem recebido essas doações e montando toda a logística para que sejam entregues imediatamente nesses municípios, principalmente aqueles mais distantes, que incluem aldeias indígenas. A gente tem feito parceria com todas as nossas secretarias e as instituições para levar para às comunidades mais carentes, que mais necessitam dessa ajuda”, disse.
Nessa fase de reconstrução, essa corrente continua, já que muitas pessoas precisam recomeçar. O rio que passou pelas casas deixou um rastro de lama e, em muitos casos, prejudicou a estrutura da moradia. Todo apoio neste momento é fundamental.
“A campanha segue por tempo indeterminado. O monitoramento das áreas alagadas em todos os municípios também continua. Nesse período chuvoso, a gente tá com toda equipe alerta também na recuperação, porque tem os outros itens que a gente tá arrecadando, é bom ressaltar, que é exatamente para a retomada das famílias para suas casas, que são os kits de limpeza de produtos de higiene pessoal, para quando essas famílias retornarem, para suas residências estarem com um ambiente limpo”, destacou.
Como forma de amenizar o impacto aos atingidos pela cheia, o governo já tomou algumas medidas. Entre elas:
–Prorrogação do prazo para pagamento do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS)em benefício de empresas atingidas pela cheia;
–Antecipação do pagamento do adicional de fériaspara os atingidos pela cheia;
–50% da gratificação natalina aos servidores públicosdiretamente afetados pelas enchentes dos rios e igarapés.
O Corpo de Bombeiros Militar do Acre (CBMAC) informa que os dados não sofreram alterações. Assim, com base nos dados de ocorrências disponibilizados pelo CBMAC, nas 14 cidades mais críticas, há 110 abrigos públicos atendendo 10.410 pessoas desabrigadas. Ainda há 18.542 pessoas desalojadas, ou seja, que foram para casa de familiares ou amigos. Além disso, em Cruzeiro do Sul, 19.694 pessoas foram atingidas pela cheia do Rio Juruá.
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