O Senado analisa um projeto de resolução ( PRS 1/2024 ) que institui a Comenda Mário Jorge Lobo Zagallo para homenagear treinadores ou comissões técnicas de destaque em competições esportivas. O texto do senador Wellington Fagundes (PL-MT) aguarda distribuição para as comissões permanentes da Casa. O ex-jogador e ex-treinador Zagallo faleceu no dia 5 de janeiro, aos 92 anos.
De acordo com o projeto, a Mesa do Senado deve conceder a comenda e um diploma de menção honrosa anualmente a até três pessoas ou comissões técnicas de qualquer modalidade esportiva. A indicação dos candidatos, feita pelos senadores, será analisada por um conselho, composto por um parlamentar de cada partido político com representação na Casa.
Após a definição dos agraciados, a Comenda Mário Jorge Lobo Zagallo deve ser concedida em uma sessão especial do Senado. Para o senador Wellington Fagundes, a trajetória de Zagallo “é uma história de determinação, superação de adversidades e um amor inabalável pelo futebol”.
“A vida de Zagallo é uma inspiração para todos nós, um lembrete de que a grandeza é alcançável, independentemente de nossas origens. A criação da Comenda Mário Jorge Lobo Zagallo é um reconhecimento a esse ilustre brasileiro que transcendeu o campo esportivo para se tornar um símbolo de excelência, humildade e paixão pelo futebol. Essa comenda servirá não apenas para homenagear sua memória, mas também para inspirar as futuras gerações de treinadores e treinadoras ou comissões técnicas que se dedicam ao engrandecimento do esporte no Brasil e no mundo”, argumenta Fagundes.
Mário Jorge Lobo Zagallo nasceu no dia 9 de agosto de 1931, em Atalaia (AL). Desde cedo, demonstrou afinidade natural com a bola, jogando nas ruas e campos de várzea.
Ainda jovem, mudou-se para o Rio de Janeiro. Iniciou a carreira de jogador nas divisões amadoras do America Football Club, do qual era sócio. Na mesma época, jogava vôlei e tênis de mesa, modalidade em que conquistou títulos na categoria juvenil.
Em 1949, venceu o primeiro título no futebol: o Campeonato de Amadores do Rio de Janeiro. No mesmo ano ajudou o America a conquistar o Torneio Início do Campeonato Carioca.
Em 1950 transferiu-se para os juniores do Flamengo, clube com o qual assinou o primeiro contrato profissional. Jogando como ponta-esquerda, conquistou o tricampeonato carioca (1953, 1954 e 1955). “Formiguinha”, como Zagallo era conhecido na época, disputou 205 jogos e marcou 29 gols pelo rubro-negro.
O jogador deixou o Flamengo em 1958, logo após a conquista da Copa do Mundo da Suécia com a Seleção Brasileira. Sua atuação no ataque, do qual voltava para apoiar a defesa, revolucionou a formação tática de equipes de todo o mundo. Foi jogar no Botafogo e conquistou o título de bicampeão carioca (1961 e 1962) e o Torneio Rio-São Paulo (1962 e 1964), numa época em que não havia um Campeonato Brasileiro unificado. No “Fogão”, jogou ao lado de craques como Garrincha, Didi e Nilton Santos.
Ainda como jogador, Zagallo venceu a Copa do Mundo do Chile (1962). O atleta ficou no Botafogo até 1965, quando aposentou a camisa 13. O Dia do Botafoguense é celebrado em 9 de agosto, dia do aniversário do “Velho Lobo”.
Após pendurar as chuteiras, Zagallo iniciou a carreira de treinador em 1966 na categoria juvenil do próprio Botafogo. A conquista da Taça Brasil pelo time principal em 1968 alçou Zagallo à Seleção Brasileira, que venceria a Copa do Mundo do México (1970), com a que é até hoje considerada por muitos como a melhor seleção de futebol de todos os tempos.
Zagallo participou de uma quarta campanha vitoriosa do Brasil em Copas do Mundo. Ele era o coordenador técnico no torneio de 1994, disputado nos Estados Unidos. Em 1998, na França, conquistou o segundo lugar.
Além do Brasil, Zagallo comandou as seleções do Kuwait, da Arábia Saudita e dos Emirados Árabes Unidos. O último trabalho do “Velho Lobo” foi em 2006, como coordenador técnico de Carlos Alberto Parreira na Seleção Brasileira.
Para o senador Wellington Fagundes, o ex-jogador e ex-treinador “deixou um legado inestimável”: “Zagallo é reconhecido por ser o único tetracampeão mundial de futebol, uma façanha inigualável que o coloca em um patamar único na história do esporte. Além de suas conquistas em campo, Zagallo foi um embaixador do esporte, representando o Brasil em diversos fóruns internacionais”, destacou.
Em setembro de 2023, o ex-atleta passou 20 dias internado para tratar de uma infecção urinária. Em dezembro, foi novamente hospitalizado. Mário Jorge Lobo Zagallo faleceu dias depois, vítima de falência múltipla dos órgãos. No dia 6 de janeiro, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva decretou luto oficial de três dias em pesar pela morte do “Velho Lobo”.
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