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O maior acidente nuclear da história

O maior acidente nuclear da história

28/04/2021 às 12h02 Atualizada em 28/04/2021 às 15h02
Por: Vinicius Ramos
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A tampa do reator (escudo biológico superior)[57] apelidado de
A tampa do reator (escudo biológico superior)[57] apelidado de "Elena"[58] caída de lado na cratera de explosão. Sobrepostas estão a posição pré-explosão dos tanques de vapor, do piso da sala do reator e das treliças do telhado.

Tragédia de Chernobyl completa 35 anos

O acidente aconteceu em 26 de abril de 1986, quando o reator 4 da usina nuclear de Chernobyl explodiu e lançou material radioativo na atmosfera.

[caption id="attachment_2418" align="aligncenter" width="763"] A tampa do reator (escudo biológico superior) apelidado de "Elena" caída de lado na cratera de explosão. Sobrepostas estão a posição pré-explosão dos tanques de vapor, do piso da sala do reator e das treliças do telhado.[/caption]

 

Nesta semana o mundo lembrou-se do acidente na usina nuclear de Chernobyl que completou 35 anos com homenagens às vítimas, cerimônias marcaram a data em vários países, principalmente Rússia, Ucrânia e Belarus que foram os mais afetados.

No dia 26 de abril de 1986, uma reação química desencadeou a explosão do reator 4 e do telhado da usina nuclear de Chernobyl, que ficava perto da cidade de Pripyat, na Ucrânia, que na época estava sob o domínio da União Soviética, isso deu início ao maior desastre nuclear da história, classificado na escala internacional de acidentes nucleares de nível 7 (o mais alto).

O acidente aconteceu durante um teste de segurança que simulava a falta de energia na estação, que sofreu uma sobrecarga levando a paralisação do sistema de resfriamento, gerando temperaturas muito altas. O calor foi tanto que provocou uma explosão que destruiu o teto do reator, e um “cogumelo” de 1quilômetro de altura lançou uma nuvem de material radioativo que atingiu outras partes da antiga União Soviética  incluindo a Rússia e Belarus, e outros países do norte da Europa.

Nas primeiras horas após o acidente, bombeiros que foram chamados para tentar apagar o incêndio e trabalhadores da usina, foram as primeiras vítimas fatais de Chernobyl, pois ficaram expostos a níveis letais de radiação.

Foi montada uma operação de guerra no combate ao acidente

[caption id="attachment_2420" align="aligncenter" width="754"] Novo Sarcófago construído em 2019 para o reator 4 / Foto : Divulgação[/caption]  

O governo Soviético criou uma zona de exclusão no raio de 30 quilômetros em torno da usina nuclear, fazendo com que mais de 130 mil pessoas tivessem que deixar suas casas ás pressas. Esse número só aumentou ao longo dos anos, acredita-se que de 1986 a 2000, 350 mil pessoas tiveram que se deslocar para outras localidades por causa dos altos índices de radiação no ar, solo e nas águas.

Foi feita uma operação militar grandiosa para evitar que a poeira radioativa se espalhasse, helicópteros despejaram toneladas de chumbo e areia em cima do reator para tentar controlar o fogo, que só foi contido no dia 6 de maio. No prédio do reator 4 foi construída uma enorme cobertura de concreto conhecida como “sarcófago”, que foi projetada para conter a liberação de radiação para a atmosfera.

Muitos militares que participaram dessas missões morreram ou foram hospitalizados em decorrência da exposição à radiação.

Em 2019 terminou a construção de um novo “sarcófago”, pois a estrutura do antigo estava entrando  em colapso, o novo projeto custou o equivalente a 1,5 bilhões de Euros, é a maior estrutura móvel terrestre construída até hoje, com 257 metros de extensão, 108 metros de altura e um peso total de mais de 36 mil toneladas, e está projetada para durar 100 anos.

Muitos perderam suas vidas nesta tragédia

[caption id="attachment_2424" align="aligncenter" width="773"] Os "liquidadores" trabalhando na descontaminação da área em volta de Chernobyl[/caption]  

Até hoje não se sabe o número exato de vítimas dessa tragédia, o Governo Soviético à época, através do Instituto de Radiologia de Kiev, admitiu um total de 46 mortes e 50.000 mil pessoas que acabaram contaminadas.

Segundo estudos da ONU (Organização das Nações Unidas), o número de mortes pode estar entre 9.000 a 16.000 mil vidas em toda a Europa.

Já a OMS (Organização Mundial da Saúde) estima que quatro mil pessoas tenham morrido em decorrência da exposição radioativa que se espalhou por vários países como Suécia, Grécia, Bulgária, Bélgica, Romênia, Turquia, entre outros.

Na realidade este número pode e deve ser muito superior, pois o Governo Soviético utilizou mais de 500 mil trabalhadores, chamados de “liquidadores”, para trabalhar na descontaminação da área afetada, e segundo a ONG Chernobyl Union, 35 mil desses trabalhadores morreram em virtude da radiação e outros 95 mil tiveram algum tipo de sequela por ficarem expostos ao lixo radioativo.

Seis trabalhadores da usina foram a julgamento em julho de 1987, são eles Anatoly Diatlov ( vice engenheiro chefe), Viktor P. Bryukhanov (diretor da usina), Nikolay M. Fomin (engenheiro chefe), Boris V. Rogozhin (diretor de turno), Aleksandr P. Kovalenko (chefe do reator 4) e Yuri A. Laushkin (inspetor), que foram sentenciados a vários anos de serviços forçados em campos de trabalho.

O mundo discutiu novos protocolos de segurança

Após o acidente o que se viu foram debates e reflexões sobre a segurança e os riscos da utilização da energia nuclear.

Novas regras de segurança foram criadas em vários países para evitar que outra tragédia desse tipo voltasse a acontecer, alguns países como Itália, Alemanha, Espanha, Suíça, Finlândia, reviram seus protocolos e programas nucleares e chegaram a fechar algumas usinas.

Hoje muitos países utilizam cada vez mais energia que são geradas por usinas nucleares, e segundo a Associação Nuclear Mundial (WNA, em inglês), existem 447 reatores nucleares em operação no mundo, espalhados por 30 países e mais de 80 estão em construção, e são responsáveis por 10,4% de toda a produção de energia elétrica no mundo.

Energia Nuclear no Brasil

[caption id="attachment_2419" align="aligncenter" width="726"] Usinas Angra 2 (à esquerda) e Angra 1 (à direita); os reatores, onde a energia nuclear é gerada, ficam dentro das estruturas brancas. Imagem Eletronuclear[/caption]  

O Brasil também utiliza a energia nuclear, existem duas usinas a Angra 1 e Angra 2 que estão em operação, e ficam na cidade de Angra dos Reis, no Rio de Janeiro. Uma terceira, a Angra 3, está em construção  mas sem data para começar a operar, toda a energia nuclear produzida no Brasil corresponde a 2,9% da eletricidade total gerada no país.

A tragédia de Chernobyl já foi retratada ao longo dos anos em vários filmes e documentários, mas nenhum fez tanto sucesso quanto a série de tv “Chernobyl”, produzida pela HBO e SKY, com cinco episódios, lançada em maio de 2019, ela foi aclamada pela crítica e público pela veracidade dos acontecimentos retratados, sendo o programa mais bem avaliado de todos os tempos ( nota 9,6) segundo o site do IMDB, tanto sucesso rendeu prêmios e a produção acabou levando o Emmy e o Globo de Ouro de melhor minissérie em 2020.

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