O Brasil ostenta o título de líder mundial em descargas atmosféricas, um fenômeno natural poderoso e imprevisível. Essa proeminência se deve à combinação de fatores climáticos, padrões de precipitação, massas de ar e níveis de umidade que caracterizam nosso vasto território. No entanto, essa notoriedade traz consigo riscos significativos não apenas para a segurança das pessoas, mas também para a integridade de estruturas e equipamentos.
De acordo com o Grupo de Eletricidade Atmosférica (ELAT), vinculado ao Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), cerca de 77,8 milhões de descargas incidem no solo por ano no país. ELAT/CCST/INPE. Dados da Rede Brasileira de Detecção de Descargas Atmosféricas Totais. São José dos Campos – SP, 2020.
Relâmpagos e raios, produtos das descargas atmosféricas, são ocorrências frequentes no Brasil. Sua intensidade e duração variam, mas, em muitos casos, podem ter efeitos devastadores. Para enfrentar essa ameaça, foi instituída a NBR 5419 em 2015, uma norma técnica que abrange todo o país e estabelece diretrizes para a proteção contra raios.
A NBR 5419 desempenha um papel fundamental na padronização das medidas de proteção contra descargas atmosféricas no Brasil. Ela define os requisitos para a instalação de Sistemas de Proteção Contra Descargas Atmosféricas (SPDA) em edificações e estruturas, abrangendo desde residências até complexos industriais.
Um SPDA é um sistema completo projetado para mitigar os efeitos adversos das descargas atmosféricas. Consiste em condutores, captores, dispositivos de aterramento e sistemas de dissipação de energia. O principal objetivo de um SPDA é direcionar a corrente elétrica da descarga atmosférica com segurança para a terra, impedindo danos às estruturas e prevenindo incêndios.
As exigências mínimas para um Sistema de Proteção Contra Descargas Atmosféricas (SPDA) no Brasil estão estabelecidas na Norma Brasileira ABNT NBR 5419, que define as diretrizes para o projeto, instalação, inspeção e manutenção de SPDAs. Essa norma é amplamente reconhecida e adotada em todo o país. Aqui estão algumas das principais exigências mínimas estabelecidas pela ABNT NBR 5419:
Classificação da Estrutura: A norma classifica as estruturas em quatro classes (I, II, III e IV) com base em critérios como o tipo de ocupação, tamanho e localização geográfica. A classe determina o nível de proteção necessário.
Projeto e Instalação: O SPDA deve ser projetado e instalado de acordo com as diretrizes da norma, levando em consideração a classificação da estrutura e outros fatores específicos.
Captores: O sistema deve incluir captores de descargas atmosféricas (ou para-raios) dimensionados adequadamente e posicionados estrategicamente na estrutura.
Condutores de Descida: Deve haver condutores de descida adequados que conduzam a corrente da descarga atmosférica com segurança até o solo.
Aterramento: O SPDA deve ser devidamente aterrado para dissipar a energia da descarga na terra de forma segura.
Dispositivos de Proteção: É necessário incluir dispositivos de proteção, como DPS (Dispositivos de Proteção contra Surtos) e equipotencialização, para proteger contra surtos elétricos.
Inspeção e Manutenção: O sistema deve passar por inspeções regulares e manutenção para garantir seu funcionamento adequado.
Documentação: Deve ser fornecida documentação completa que descreva o projeto, instalação e manutenção do SPDA.
Placas de Identificação: Placas de identificação devem ser afixadas para indicar a existência do sistema e fornecer informações relevantes.
Sinalização de Segurança: Áreas de risco devem ser devidamente sinalizadas para alertar sobre a presença do SPDA.
Anotação de Responsabilidade Técnica (ART): A ART deverá ser emitida por um profissional capacitado juntamente ao CREA (Conselho Regional de Engenharia e Agronomia) ou ao CAU (Conselho de Arquitetura e Urbanismo (CAU).
É importante observar que essas são apenas algumas das principais exigências da norma ABNT NBR 5419. Os requisitos específicos podem variar dependendo da classificação da estrutura, do uso, da localização geográfica e de outros fatores. Portanto, é fundamental consultar a norma completa e/ou um profissional qualificado em SPDA para garantir que um sistema seja projetado e instalado de acordo com todas as exigências aplicáveis.
Por fim, no Brasil, as descargas atmosféricas são uma realidade com a qual convivemos constantemente. A implementação adequada de Sistemas de Proteção Contra Descargas Atmosféricas (SPDA), em conformidade com a NBR 5419/2015, é essencial para mitigar os riscos associados a raios e relâmpagos. Em resumo, esses sistemas não são apenas uma medida de segurança, mas também uma garantia de proteção para nossas estruturas e patrimônio material. Diante do cenário desafiador que enfrentamos, investir na prevenção de danos causados por descargas atmosféricas é uma decisão crucial para proteger vidas e propriedades em todo o território brasileiro.
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