A Comissão de Relações Exteriores (CRE) aprovou nesta quinta-feira (15) a indicação do diplomata Claudio Frederico de Matos Arruda para a chefia da embaixada brasileira na Austrália. O relatório pela aprovação, da senadora Tereza Cristina (PP-MS), apontou, entre outros pontos, o déficit crônico que o Brasil apresenta nas relações comerciais com a nação da Oceania.
—No âmbito do comércio bilateral, o intercâmbio foi de US$ 3,4 bilhões em 2022, sendo US$ 732,8 milhões de exportações brasileiras e importações de US$ 2,7 bilhões — apontou a senadora, registrando o déficit de quase U$ 2 bilhões, apesar de as exportações brasileiras terem crescido mais de 30% em 2022.
O aumento e a diversificação do comércio bilateral são citados entre as principais metas do indicado. No relatório, Tereza Cristina destaca também que a embaixada na Austrália deve trabalhar visando atrair mais investimentos de empresas australianas no setor de hidrogênio verde brasileiro, que já responde por presença significativa de capitais da nação oceânica no Brasil. Já o presidente da CRE, Renan Calheiros (MDB-AL), solicitou a Arruda focos específicos visando superar o que chamou de "déficit expressivo" nessa relação comercial.
Na documentação enviada pelo Itamaraty à CRE, a pasta destaca que um dos focos será fazer gestões pela remoção da barreira comercial da Austrália à importação de cachaça. O Brasil já vem questionando formalmente a Austrália por sua posição desde 2019 na Organização Mundial do Comércio (OMC), e o tema tem sido debatido pelos dois países no âmbito do Comitê de Barreiras Técnicas ao Comércio.
Na sabatina na CRE, Arruda destacou que 90 empresas australianas atuam hoje na economia brasileira, com estoque de investimentos que já chega a U$ 7 bilhões. No rol, estão BHP Billiton, Billabong, Karoon Energy, Amcor,Rio Tinto, Ansell, NuFarm, Goodman, Carsales, Cotton On, Westfield, Pacific Hydro eMacquarie.
A Austrália também tem tido uma participação efetiva no Programa de Parcerias de Investimentos (PPI) brasileiro, com investimentos concentrados nas áreas de óleo e gáse mineração, no complexo polimetálico de Palmeirópolis (TO).
Já o estoque de investimentos de empresas brasileiras na Austrália chega hoje a US$ 3,5 bilhões. Lá atuam JBS, Vale, Weg, Natura, Marcopolo e Minerva.
Arruda também chamou atenção para o forte aumento da migração brasileira para a Austrália, a partir de 2016. Dados do Censo australiano apontam que lá viviam cerca de 27 mil brasileiros em 2016, mas hoje esse contingente supera 60 mil. Na diáspora, há uma grande concentração de pessoas entre 25 e 44 anos, com alto índice de escolaridade.
Neste contingente, também há um grande número de estudantes, segundo o diplomata. Citando dados do Departamento de Educação australiano, já são quase 20 mil brasileiros estudando por lá, entre ensino superior, escolar e cursos de línguas.
Arruda também disse que atuará visando aumentar o turismo de australianos para o Brasil. A estratégia é aumentar o interesse e a visibilidade do Brasil no público australiano, a partir de ações em meios de comunicação, agências de turismo e empresas aéreas, entre outros setores.
O diplomata é o atual embaixador brasileiro em Londres, na Inglaterra. Também já foi cônsul-geral em Nova York, chefe da assessoria diplomática da Vice-Presidência da República e chefe do cerimonial da Presidência do Senado.
Mín. 18° Máx. 30°